sábado, 31 de dezembro de 2011

Clarice Lispector - Felicidade clandestina



Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com um amante.

* * *


Clarice Lispector, (Haia Pinkhasovna Lispector) nasceu em Tchetchelnik (Ucrânia) em 10 de dezembro de 1920 e faleceu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977. Romancista, contista, cronista, jornalista e tradutora, isso não descreve a pessoa que foi. É muito difícil, para não dizer impossível, resumir a vida dessa mulher que é uma de nossas mais importantes escritoras.

Com a família viveu em Maceió, Recife e Rio de Janeiro. Naturalizou-se brasileira. Aqui estudou, se formou e se casou. Publicou seu primeiro romance muito jovem e por ter se casado com o colega de faculdade de Direito, Mauri Gurgel Valente, futuro diplomata, viveu muitos anos no exterior e grande parte de sua obra foi escrita lá fora.

Teve dois filhos, Pedro e Paulo.

O melhor é deixar Carice falar de si mesma:

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...].”

E a síntese perfeita: “Sou tão misteriosa que não me entendo.”



(A crônica acima encontra-se em "Felicidade clandestina", Editora Rocco - 1971)

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Choque: recuo do gelo do Oceano Ártico libera gases de efeito estufa mortais

Via EcoDebate
Publicado no Jornal The Independent,
de Londres, em 13 dezembro de 2011



A equipe de pesquisadores russos ficou estupefata depois de encontrar fontes de metano, em quantidade cem vezes maior que o já visto, borbulhando até a superfície.

[Tradução de Celso Copstein Waldemar para o EcoDebate] Quantidades inéditas e dramáticas de metano—um gás de efeito estufa 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono—foram vistas borbulhando até a superfície do Oceano Ártico por cientistas que realizavam uma vistoria extensiva da região.

A escala e o volume da liberação de metano deixou estupefato o chefe da equipe russa de pesquisa que há vinte anos vistoria o solo oceânico da Plataforma continental Ártica da Sibéria, na costa norte do Leste da Rússia.

Em entrevista exclusiva a The Independent, Igor Semiletov, membro da Academia Russa de Ciências, disse que nunca havia testemunhado a escala e a força do metano liberado de debaixo do solo oceânico ártico.

“Anteriormente havíamos encontrado estruturas em forma de tocha como esta, borbulhando metano, mas elas possuíam apenas dezenas de metros de diâmetro. Esta é a primeira vez que encontramos estruturas de escoamento contínuas, impressionantes e poderosas, de mais de 1.000 metros de diâmetro. É impressionante”, disse o Dr. Semiletov. “Eu fiquei mais estupefato pela tremenda escala e alta densidade das plumas. Em uma área relativamente pequena encontramos mais de 100, mas numa área mais ampla deve haver milhares de plumas”.

Os cientistas estimam que há centenas de milhões de toneladas de gás metano presas por baixo do Permafrost, o subsolo congelado, que se estende do continente e mar adentro, localizado na relativamente rasa plataforma continental do mar Ártico no Leste da Sibéria.

Um dos maiores medos é que, com o desaparecimento do gelo marinho do Ártico no verão1 e a elevação rápida das temperaturas em toda a região, que já está derretendo o subsolo congelado da Sibéria continental, os bolsões de gás metano presos poderiam ser liberado de repente na atmosfera, levando a um rápido e severo aquecimento global .
A equipe do Dr. Semiletov publicou, em 2010, um estudo avaliando que as emissões de metano dessa região eram de aproximadamente de oito milhões de toneladas por ano, mas a expedição mais recente sugere que esse número subestima significativamente o fenômeno.

No final do verão setentrional de 2011 -inverno no hemisfério sul-, o navio de pesquisa russo “Acadêmico Lavrentiev” conduziu uma extensa vistoria de no mar na costa do leste da Sibéria. Os cientistas utilizaram quatro instrumentos altamente sensíveis, tanto sísmicos como acústicos, para monitorar as “fontes” ou plumas de bolhas de metano que sobem até a superfície do mar vindas de debaixo do solo oceânico.

“Numa área bem pequena, de menos de 25.900 km² (equivalente a uma área de 259 km x 100 km), contamos mais de 100 fontes, ou estruturas em forma de tocha, borbulhando pelas colunas de água e sendo injetadas diretamente na atmosfera a partir do subsolo oceânico”, disse o Dr. Semiletov. “Em 115 pontos estáticos, nós checamos e descobrimos campos de metano numa escala impressionante—creio que numa escala jamais vista antes. Algumas plumas eram de um quilômetro ou mais de largura e as emissões iam diretamente para a atmosfera. A concentração era cem vezes maior que a normal.”

O Dr. Semiletov divulgou suas descobertas pela primeira vez em Dezembro de 2011na semana passada, no encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco, E.U.A.

EcoDebate, 30/12/2011

Las profecías mayas despiertan la histeria entre los esotéricos del mundo // Chile solicita ayuda internacional por el incendio sin control de Torres del Paine

No El Mundo:


Las profecías mayas despiertan la histeria entre los esotéricos del mundo


Chile solicita ayuda internacional por el incendio sin control de Torres del Paine



Greenpeace - 40 anos

15.09.2011






sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Nível do mar sobe cada vez mais rápido no litoral norte de São Paulo ameaçando cidades costeiras

Via Agência Brasil
Por Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
28.12.2011

São Paulo – Sobe cada vez mais rápido o nível do mar no litoral norte de São Paulo, aponta pesquisa coordenada pelo professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos de 1944 a 2007 pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, em Santos, Alfredini constatou uma elevação do mar de 74 centímetros por século. Também foi analisada a documentação de outras instituições em Ubatuba, São Sebastião e Caraguatatuba .

Nas últimas décadas, no entanto, o avanço das águas marítimas foi mais rápido. “Nos últimos 20 anos, analisando esses dados, a gente nota que tem havido uma aceleração. Isso aparentemente está ligado ao fato que as temperaturas têm aumentado mais nesse período”, ressaltou o professor. Com isso, a estimativa de Alfredini é que neste século o nível do mar suba cerca de 1 metro.

Um aumento desse nível significa, segundo Alfredini, a perda de 100 metros de praia em áreas com declividades suaves. Essa aproximação das águas pode colocar em risco construções à beira-mar. “A quebra da onda vai ficar muito mais próxima das avenidas, onde existem ocupações urbanas. Vai começar a solapar e erodir muros”, disse. “Tubulações que passem perto da praia, como emissários de esgoto, interceptores de águas pluviais, podem vir a ser descalçados e eventualmente até romper”, completou.

Outro fator que ameaça as construções costeiras, verificado no estudo, é o aumento da altura das ondas nas ressacas e tempestades marítimas, além do aumento da frequência desses fenômenos. “Havendo um recrudescimento das ondas, isso também vai provocar mais erosões [nas praias]”, alertou o pesquisador.

A elevação do nível do mar poderá ainda, segundo Alfredini, causar problemas para o abastecimento de água em algumas cidades. Segundo ele, esse processo tende a causar um aumento no volume de água que se infiltra nos rios. “ Portanto, as tomadas de água para abastecimento público e industrial poderão começar a receber água com maior teor de salinidade. E isso pode começar a complicar ou inviabilizar o tratamento da água”.

Para amenizar esses problemas, o pesquisador aponta a necessidade de preparação das cidades afetadas, com a construção, por exemplo, de obras de defesa costeira. “Tem que ter nesses governos municipais, principalmente, que estão em áreas de extremo risco, consciência de que isso é uma realidade”.

Edição: Aécio Amado

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Vamos entrando...

Charge de Chico Caruso





Prescrição de pena funciona como estímulo à impunidade

Via Gazeta do Povo
Por Juliana Gonçalves, correspondente
30.12.2011

O direito de punir ou absolver um suposto criminoso é exclusividade do Estado. Mas existe um prazo para que a punição seja definida pela Justiça. A prescrição penal define o momento em que o Estado perde esse direito e representa, ao mesmo tempo, uma forma de proteção ao cidadão que cometeu um erro no passado e uma das principais causas da impunidade no Brasil.

A morosidade da Justiça é a maior aliada de quem conta com a prescrição para escapar da pena. Recentemente, o ministro Ricar­­do Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os réus do processo do esquema conhecido como “mensalão” terão algumas de suas penas prescritas antes do fim do julgamento. Denunciado em 2005, o esquema de corrupção no governo federal ainda não tem data marcada para ser julgado pelo plenário do STF. Continua

Mundo está prestes a "pegar" Michel Teló, diz "Forbes"

Via Folha.com
29.12.2011

"Você já ouviu falar de Michel Teló? Você ainda vai". É o que diz uma reportagem publicada nesta quinta-feira no site da revista norte-americana "Forbes", que mapeia o sucesso do músico sertanejo e o compara ainda com o alcançado por Carmen Miranda, Xuxa e Ronaldo, por exemplo.

"A história nos diz que é muito difícil um brasileiro se tornar uma estrela internacional, como Carmen Miranda nos anos 1940, quando [a cantora] tomou Hollywood de assalto", conta o artigo.

A reportagem fala ainda sobre o sucesso de Xuxa no início dos anos 1990, quando a apresentadora infantil chegou a assinar um contrato com a CBS e aparecer na lista das 40 pessoas mais bem pagas do entretenimento em 1991. Continua







Santuário profanado

Via blog do Noblat
29.12.2011

Luiz Antonio Simas, O Globo

A anunciada intenção do governo do Rio de Janeiro de privatizar o Maracanã é mais um capítulo da febre tecnocrática e desumanizadora que assola nossos governantes.

Marca, lamentavelmente, a supremacia do mercado sobre a cultura — entendida como conjunto de símbolos, projeções, anseios e comportamentos que caracterizam um povo em sua cotidiana tarefa de reinventar a vida. É ela, a cultura, que nos humaniza.

Ferido por reformas que o descaracterizaram, atravessado, feito o padroeiro, por flechas suspeitas, o Maracanã é vítima da mania de modernizar o eterno, profanar o sagrado e tornar provisório, marcado pelas vicissitudes do tempo, o que já transcendeu a esse próprio tempo, o cronológico, e vive no território do mito.

Reformas e privatizações fazem parte, ainda, do contexto mais amplo de elitização do esporte, transformado em grande negócio. O futebol, que começou no Brasil restrito às elites, foi tomado pelo povo e virou a paixão da massa.

Numa macabra volta ao passado, assiste-se agora a uma nova elitização do jogo. Distante do povo, o futebol retorna, sob o manto da gestão empresarial, ao berço aristocrático de onde saiu.

Existem lugares de esquecimento, territórios do efêmero — penso nos shoppings — e lugares de memória, territórios de permanência. Esses últimos são espaços que, sacralizados pelos homens em suas geografias de ritos, antecedem a sua própria criação e parecem estar aí desde a véspera da primeira manhã do mundo.

Exemplifico.

Leia a íntegra em Santuário profanado

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Amazônia morre e os jornais não veem

Via Observatório da Imprensa
Por Leão Serva em 27/12/2011 na edição 674

Reproduzido da seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, 20/12/2011; intertítulo do OI

Dados preliminares sobre o desmatamento foram vistos como “boa notícia”, mas só mostram que o tumor causou a amputação de parte menor. A Amazônia tem câncer e a opinião pública brasileira não sabe por que a imprensa está míope. Nos últimos dias, dados preliminares de desmatamento da região foram anunciados como “boa notícia” ao mostrar que a destruição reduziu velocidade, quando apenas querem dizer (se comprovados) que o tumor causou a amputação de parte menor do corpo.

Enquanto governo e imprensa fazem festa, o paciente morre. Procedimentos essenciais do jornalismo determinam a desinformação sobre o desaparecimento da maior floresta do mundo. Um exemplo: no dia 16/10, a Folha deu manchete para um inédito levantamento de todas as obras de infraestrutura do PAC para a Amazônia. A reportagem saiu em “Mercado” e pela primeira vez foi possível ver que está em curso uma série de obras com dinheiro da União que, tantas sendo, não podem ser benignas numa floresta atacada há 40 anos. Mas, como o jornal é dividido em editorias e as notícias devem se submeter a elas, a mesma edição do jornal revelava na editoria “Ciência”, páginas distante, que o “país faz mais obras mas diminui gasto com conservação”.

A separação das notícias tira do leitor a capacidade de entender fatos complexos, como o atual processo de destruição da Amazônia. O fracionamento faz com que a tramitação do Código Florestal no Congresso seja tratada em páginas de política; obras de infraestrutura na Amazônia, em economia; o ritmo da devastação florestal, em ciência; as mudanças dramáticas no clima amazônico, em meteorologia.

Estabilizar o desmatamento

O ineditismo do levantamento da Folha é prova de omissão frequente da nossa imprensa: não ligar notícias de um dia com o passado. No caso das obras na Amazônia, os jornais nunca somam o impacto de obras já inauguradas com as que são anunciadas. O governo se aproveita da miopia: jamais anuncia dois projetos ao mesmo tempo, diluindo o impacto de cada um. Continua

Liberação de obras de Belo Monte sem redução de impactos é carta branca para o caos na região, diz MPF

Via EcoDebate
28.12.2011

Derrubada da decisão que exigia o cumprimento de ações de minimização dos impactos socioambientais da hidrelétrica pode causar prejuízos irreparáveis, afirmam procuradores da República no Pará

A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que liberou a instalação do canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte sem o cumprimento de ações de prevenção e redução dos impactos socioambientais do projeto – as chamadas condicionantes foi considerada temerária pelo Ministério Público Federal no Pará.

Segundo procuradores da República que atuam no Estado, a liberação pode provocar problemas como o colapso da infraestrutura urbana na região e danos irreversíveis ao meio ambiente e à população do Xingu.

A decisão do desembargador federal Olindo Menezes cassou liminar expedida no último dia 25 pelo juiz Ronaldo Destêrro, da 9ª Vara da Justiça Federal em Belém. Segundo Menezes, não há necessidade do cumprimento das condicionantes listadas na licença prévia concedida ao projeto.

As condicionantes haviam sido estabelecidas em 2010 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, o próprio Ibama recorreu ao TRF-1, em Brasília, contra a decisão de Destêrro. O recurso foi enviado ao tribunal ontem e a decisão de Menezes foi publicada hoje.

“Atitudes como essa só comprovam que hoje o Ibama é o maior responsável pelo desmatamento na Amazônia”, critica o procurador da República Felício Pontes Jr. “Em todas as etapas do licenciamento o governo federal vem desrespeitando a Constituição e as leis ambientais, com o auxílio do Ibama, que deixou de ser um órgão técnico e agora cede a pressões políticas”. O procurador da República Ubiratan Cazetta é taxativo: “O início da obra sem as condicionantes pode provocar o caos em termos de infra-estrutura na região de Altamira”. Continua

EUA dizem adeus às suas represas: ‘São caras e nocivas ao ambiente’

Via EcoDebate
26.09.2011

Símbolo obsoleto do século XX: só resistirão as eficientes. Foram destruídas 925 represas, muitas nos últimos anos. Ressuscita o negócio da pesca e do turismo.

A reportagem é de Federico Rampini, publicada no jornal La Repubblica, 18-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A tribo Klallam está em festa há uma semana por causa da “vingança do salmão selvagem, animal sagrado”. O ponto culminante das celebrações foi a grande explosão de dinamite que pulverizou ontem, em uma nuvem de detritos, a barragem de Lower Elwha, um rio no Estado de Washington. “A retomada do curso natural – declarou o ministro do Interior, Ken Salazar – assinala o início de uma nova era nas relações entre os nossos rios e as comunidades que vivem em suas margens”.

A barragem de Lower Elwha, uma muralha de 35 metros de altura, é apenas a última a cair sob os golpes de uma nova tendência, que está apagando da paisagem norte-americana uma das marcas distintivas do século XX.

A demolição das barragens tem sido invocada há muito tempo pelos ambientalistas, que as consideram um estupro da paisagem. O aliado natural nessa campanha são os índios dos EUA, descendentes de tribos indígenas que preservaram tradições ancestrais de respeito pela natureza. Mais recentemente, os cientistas especialistas em climatologia, geografia e geologia se uniram a uma tese “revisionista”: longe de regular os rios, as barragens, muitas vezes acentuam as enchentes e as inundações, enquanto um retorno ao fluxo natural permite que se reduzam as calamidades. Até mesmo a direita acabou inclinando, por uma razão prosaica: manter as represas custa caro, em uma fase de altos déficits públicos, enquanto destruí-las significa ressuscitar o negócio da pesca e do turismo.

Resultado: os EUA demoliram 925 barragens, a maior parte delas nos últimos quatro anos. Um número já enorme, mas que tende a aumentar rapidamente, porque o total das barragens dos EUA gira em torno das 80 mil. A maioria delas foi construída há mais de meio século e estão se aproximando da sua “data de validade” de acordo com as normas de segurança.

A inversão de tendência é impressionante, porque as barragens eram um símbolo da “conquista do território” por parte dos colonos brancos, e, no século XX, um motor de modernização: das fábricas têxteis às fábricas de papel no início do século XX, muitas áreas da Costa Leste e do Centro-Oeste viram florescer o seu primeiro boom industrial justamente ao longo dos rios e perto das represas que geravam a eletricidade. Até a Segunda Guerra Mundial, as centrais hidrelétricas alimentadas por barragens forneceram 40% de toda a energia dos EUA. Continua

A pedagogia da marquetagem

Via blog do Noblat
28.12.2011

Elio Gaspari, O Globo

A compra de 300 mil tabuletas (equipamento também conhecido como tablet) para estudantes da rede de ensino público nacional poderá ser a última encrenca da gestão do ministro Fernando Haddad, ou a primeira de Aloizio Mercadante.

O repórter Luciano Máximo informa que falta pouco para que o governo federal ponha na rua o edital de licitação para essa encomenda.

Governos que pagam mal aos professores, que não têm programas sérios de capacitação dos mestres, onde escolas estão caindo aos pedaços, descobriram que a compra de equipamentos eletrônicos é um bálsamo da pedagogia da marquetagem. Cria-se a impressão de que se chegou ao futuro sem sair do passado.

O governo de Pernambuco licitou a compra de 170 mil tabuletas, num investimento global de R$ 17 milhões. A prefeitura do Rio anunciou em outubro que tem um projeto para distribuir outras 25 mil. A de São Paulo contratou o aluguel de 10 mil ao preço de R$ 139 milhões.

Felizmente, o negócio foi abatido em voo.

A rede pública de Nova York, com 1,1 milhão de estudantes, investiu apenas US$ 1,3 milhão, numa experiência que colocou dois mil iPads nas mãos de professores e de alunos de algumas escolas. Já a cidade mineira de Itabira (12 mil jovens na rede pública) comprou três mil laptops, num investimento de US$ 573 mil.

Na Índia, onde se fabricam tabuletas simples por US$ 35, existe um projeto piloto, para 100 mil alunos, num universo de 300 milhões de estudantes. Se tudo der certo, algum dia distribuirão 10 milhões de unidades.

Na Coreia, o governo planeja colocar tabuletas nas mãos de todas as crianças do ensino fundamental. Lá, a garotada tem jornadas de estudo de 12 horas diárias.

O projeto de Pindorama parece mais com o do Cazaquistão do companheiro Borat, onde se prevê a compra de 83 mil tabuletas até 2020.

Encomendas milionárias de computadores ou tabuletas para a rede pública são apenas compras milionárias, com tudo o que isso significa. Se a doutora Dilma quiser, pode pedir as avaliações técnicas que porventura existam do programa federal. Um Computador por Aluno.

Com quatro anos de existência, o UCA tem muitos padrinhos e fornecedores (150 mil máquinas entregues e 450 mil encomendadas por estados e municípios). Nele, algumas coisas deram certo. Outras deram errado, ora por falta de treinamento dos professores, ora pela compra de equipamentos condenados à obsolescência.

Uma boa ideia não precisa desembocar em contratos megalomaníacos que terminam em escândalos. Se um cidadão que cuida do seu orçamento não sabe qual tabuleta deve comprar, o governo, que cuida da Bolsa da Viúva, deve ter a humildade de reconhecer que não se deve encomendar 300 mil tabuletas, atendendo a fabricantes que não conseguem produzir máquinas baratas como as indianas ou versáteis como as americanas, japonesas e coreanas.

Se esses equipamentos só desembarcarem em cidades e escolas onde houver banda larga e professores devidamente capacitados, tudo bem.

Se o que se busca é propaganda, basta comprar 20 tabuletas, chamar a equipe de marqueteiros que faz filmes para as campanhas eleitorais e rodar o vídeo. Consegue-se o efeito e economiza-se uma montanha de dinheiro.

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Dilma segura o cartão

Via blog do Noblat
Por Renata Lo Prete, Folha de São Paulo
28.12.2011

No primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, diminuíram em 37,7%, na comparação com 2010, os chamados "gastos secretos" do gabinete da Presidência feitos com cartão corporativo. Os valores referentes a essa rubrica não são discriminados no Portal da Transparência, por alegada razão de segurança nacional.

A Secretaria de Administração da Presidência desembolsou R$ 3.834.780,80 nessa modalidade de despesa, contra R$ 6.150.534,81 no último ano de Lula.

A "farra dos cartões" rendeu uma CPI em 2008. Na época, a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) caiu após usar o cartão corporativo num free shop.

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Minhas raízes são aéreas"

Via Época
Por Eliane Brum
25.04.2011

A travessia de uma psicóloga sem fronteiras que escolheu ver o lado B do mundo

No dia 16 de abril, a gaúcha Debora Noal botou nas costas uma mochila que nunca passa dos 10 quilos. Dentro dela, uma lanterna de cabeça, como as que os mineiros usam, adaptadores de todos os tipos para computador, um gel para lavar as mãos, lenços umedecidos para o banho, um kit de colher, garfo e faca, um canivete, duas camisetas da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), duas calças jeans, um lenço cor-de-rosa para usar na cabeça em regiões muçulmanas, uma jaqueta térmica, um par de havaianas e outro de tênis, um laptop e um dicionário de português/francês/inglês. Levou ainda uma velha boneca da Magali, personagem do criador Maurício de Sousa, que troca de cara (feliz, triste, zangada, etc), para ajudá-la no atendimento a crianças nos lugares mais remotos e perigosos do mundo. Aos 30 anos, a psicóloga Debora partiu para sua décima missão na MSF. Depois de uma preparação de alguns dias em Genebra, hoje ela está no Quirguistão.

Em 2010 houve um conflito étnico entre uzbeques e quirguizes no país da Ásia Central, ex-integrante da antiga União Soviética. Muitos morreram e muitos foram presos. Debora passará de quatro a seis meses trabalhando nas prisões do “Quirgui”, como ela diz. Além de duas missões no Brasil, desde 2008 ela atua em países que a maioria de nós não sabe pronunciar o nome nem onde fica – ou apenas conhece pelo noticiário internacional. Começou pelo Haiti (três vezes, incluindo a República Dominicana), Guiné-Conacri, República Democrática do Congo (duas vezes), e recém voltara de um campo de refugiados do conflito na Líbia quando foi recrutada para o Quirguistão. Sem saber que seria despachada para um país frio, tinha acabado de raspar a cabeça para mudar de estilo.

Dias antes de sua partida, entrevistei Debora por três horas em seu pequeno apartamento em Aracaju, capital de Sergipe, cidade tranquila e praiana que ela escolheu para voltar depois de cada partida. É um apartamento despojado e muito colorido, povoado por lagartixas e girafas artesanais que ganha de presente. Perguntei a ela a razão de tantas cores. E Debora me explicou que as cores são a forma encontrada por ela para representar a variedade de cheiros que seu contato com um mundo diverso de humanidades lhe proporciona – um universo olfativo impossível de definir em palavras. Era desse mundo muito mais rico – que Debora alcança e nós não – que eu queria saber.

Nascida e criada na gaúcha Santa Maria, Debora cursou Psicologia em Santa Cruz do Sul porque buscava uma faculdade comunitária. Depois, trabalhou no Fórum Social Mundial de 2005 e, quando o evento terminou, tentou pegar uma carona para Manaus. Não conseguiu. Acabou em Recife, onde instalou CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) em duas cidades do interior pernambucano. Saiu de lá para fazer residência em Saúde da Família em Sobral, no Ceará, mas concluiu que, sem praia, não suportaria o calor de mais de 40 graus. Acabou em Aracaju, onde fez Gestão de Saúde Pública e Saúde Coletiva. Tornou-se funcionária da secretaria estadual de Saúde e percorreu 28 municípios do Baixo São Francisco para compreender as necessidades da população e organizar o atendimento. Até hoje não tem plano de saúde privado e só reserva elogios para a cobertura do SUS na capital sergipana.

Neste ponto da história, a MSF entrou na vida de Debora e o mundo virou – o que era longe ficou perto. Como em filmes de suspense, ela recebe ligações do tipo: “Debora, temos uma missão para você”. Mas, ao contrário do cinema, em que são espiões equipados com armas de última geração que recebem esse tipo de chamada, Debora parte em missões humanitárias. E arrisca a própria vida armada apenas de conhecimento e da ideia de que a humanidade inteira é sua família.

Debora nos apresenta uma realidade que, não por acaso, pouco chega até nós. Depois de ler sua entrevista, pode parecer difícil acreditar. Mas raras vezes conheci alguém tão leve, transparente e feliz. Os olhos de Debora brilham enquanto conta sua experiência. Nos momentos de maior brutalidade se turvam – e depois voltam a brilhar. Ela não perde nenhuma oportunidade de rir e sua voz é sempre suave. E, quando abraça as pessoas, abraça. Dá vontade de se tornar amiga dela pelo resto da vida. Deve ser por isso que a legião de amigos de Aracaju a espera no aeroporto com champanha e balões quando ela chega estropiada de mais uma missão.

É isso. Debora é com certeza uma das pessoas mais vivas que conheci. E esta é uma entrevista ao mesmo tempo chocante e inspiradora. Dois adjetivos que só alguém com as qualidades de Debora, capaz de arrancar esperança nos cenários mais brutais, poderia acrescentar a um mesmo substantivo. Por isso, foi também uma entrevista muito difícil de cortar. Depois de bastante sofrimento, consegui deixá-la em um terço da original. E guardar o restante para outro momento. Vale cada linha. E meu sonho é que todos possam lê-la e ser movidos pela vontade de compartilhá-la com os amigos e também com desconhecidos.

A foto abaixo foi escolhida por Debora e feita em Porto Príncipe, no Haiti, em 2009. A criança em seu colo se chama Estelle. Sua família queimou suas duas mãos e seus dois pés numa chapa quente, causando queimaduras tão graves que a menina correu o risco de sofrer a amputação dos membros. Durante todo o tratamento, Estelle só aceitou o toque de uma pessoa: Debora.

O que Debora diz é vital. Espero que, ao ler a entrevista a seguir, cada leitor possa alcançar Debora e incluir uma porção maior de mundo dentro de si.

Como você foi parar nos Médicos Sem Fronteiras?
Debora Noal – Vige! É uma longa história.

A gente tem tempo...
Debora – Um dia um amigo me disse: “Ó, Débora, acho que você tem todo o perfil para trabalhar nos Médicos Sem Fronteiras. Você nunca pensou nisso?” Eu nunca tinha escutado sobre os Médicos Sem Fronteiras na minha vida. Não sabia nem o que era isso. Acho que era janeiro ou fevereiro de 2008. Aí eu falei... “Nossa, Médico Sem Fronteiras? Não sei...”. Ele disse: “Dá uma olhada no site...”. Mas a minha vida era bem conturbada nessa época e eu nem olhei.

Como era sua vida nesse momento?
Debora - Eu tinha um consultório com dez pacientes, que atendia à noite, fazia mestrado em Saúde Coletiva, tinha um emprego no Estado que eu adorava e morava numa cobertura de frente para o mar. Só eu e minha gata Filomena. Mas esse meu amigo ficou martelando. E eu acabei me inscrevendo. Dois meses depois eles abriram uma prova de seleção. Eu não sei se você já chegou a dar uma olhada no site, mas tem de fazer um monte de testes. Depois de você mandar seu currículo, você tem de ir fazer os testes e as entrevistas pessoalmente. Tem teste prático, técnico, de equipe, de gestão, uma entrevista em português e depois uma entrevista na língua que você escolher, que pode ser inglês ou francês.

E que língua você escolheu?
Debora – O francês. Eu passei em tudo, mas eles me falaram: “Olha, você tem de melhorar o seu francês. Tem que ter francês fluente pra ir”.

Como era o seu francês nesse tempo?
Debora - Era uma porcaria... muito ruim. Eu tinha um namorado que era francês, um parisiense. E a gente conversava muito. Mas era meu único contato com a língua. Se eu namorasse um inglês provavelmente teria escolhido o inglês e teria sido mais tranquilo. Mas eu voltei e estudei muito francês, sozinha. Eu fazia supervisão nos 28 municípios do Estado e ia escutando um CD com as aulas em francês até chegar lá. Chegava lá, trabalhava e voltava escutando. Um dia eu estava indo para uma reunião de trabalho em que eu seria promovida e ganharia um salário maior. Eu estava a caminho quando me ligaram dos Médicos Sem Fronteiras: “Olha, a gente está te ligando porque encontramos a sua missão”. Nossa... e qual é a minha missão? Continua



Um pedido a todos vocês:
Por favor, divulguem esta matéria.
Grande abraço,

Adelidia Chiarelli


Acusado de abuso contra menores, padre irlandês de 72 anos é deportado do Brasil

Via Estadão
Por Fausto Macedo
27.12.2011

P.J. Kennedy foi preso em São Paulo pela PF na segunda-feira e levado sumariamente à Irlanda

SÃO PAULO - A Polícia Federal prendeu em São Paulo um padre irlandês de 72 anos acusado perante a Justiça de Dublin em 55 processos penais por supostos abusos sexuais contra menores. Ele foi deportado sumariamente para a Irlanda na noite de segunda-feira, 26.

P. J. Kennedy foi localizado na manhã de segunda por agentes da PF que atuam no escritório da Interpol em São Paulo - a Interpol é a Polícia Internacional que reúne corporações de 190 países.

A ação foi discreta. Os policiais abordaram o acusado, que confirmou sua identidade e ouviu os motivos de sua detenção, expostos em mandado de prisão expedido pela Justiça irlandesa.

Kennedy, nascido em 2 de março de 1939, foi imediatamente conduzido ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica. Às 23h30 de segunda, sob escolta, ele partiu para Londres, onde autoridades irlandesas o aguardavam no aeroporto.

A Interpol informou que desde 2003 o alvo estava no Brasil. Ele fixou residência em Osasco, na Grande São Paulo, e depois mudou-se para a capital. Para se manter, dava aulas de inglês. Continua

Dez meses sem fumar!!!!







Para quem ainda não leu:
Com cigarro na mão, claro! - Adelidia Chiarelli




terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Fifa exige tudo (Editorial)

Via blog do Noblat
27.12.2011


O Estado de S.Paulo

É difícil saber o que é mais absurdo e insano: a petulância dos donos do futebol mundial ou a ausência de senso crítico - para ficarmos com a hipótese benevolente - de quem se curva às exigências da Fédération Internationale de Football Association (Fifa).

Pois o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da Comissão Especial da Câmara que discute a Lei Geral das Copas, incluiu no projeto uma cláusula pela qual a União terá que ressarcir, mesmo quando não tiver nenhuma responsabilidade pelo ocorrido, todo e qualquer prejuízo que a Fifa venha a ter com a realização no Brasil da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014.

A atitude do relator petista é tão ostensivamente despropositada que logrou a proeza de unir em protestos, na última terça-feira, deputados tanto da oposição quanto da base de apoio do governo.

Cópias do relatório foram distribuídas aos membros da comissão pela manhã, poucas horas antes do início da sessão. Muitos deputados tiveram uma imediata reação de repúdio à novidade.

Vários deles, manifestando indignação, retiraram suas assinaturas da lista de presença e impediram a realização da sessão, provocando o adiamento da votação da matéria para, na melhor das hipóteses, fevereiro próximo, depois do recesso parlamentar.

A tramitação da Lei Geral das Copas na Comissão Especial tem sido atribulada desde o início. O relator já havia provocado reações de protesto ao incorporar ao projeto as exigências da Fifa que obrigam a revogação de dispositivos dos Estatutos do Torcedor e do Idoso.

Tudo porque, para agradar a um dos patrocinadores das copas, os mandachuvas do futebol querem que seja permitido o consumo de bebidas alcoólicas durante as partidas e, para que sua receita permaneça intocada, não admitem a cobrança de meia-entrada de estudantes e idosos.

Atendendo não se sabe exatamente a qual motivação, o relator extrapolou a finalidade específica do projeto ao incluir cláusula que revoga definitivamente, e não apenas durante as partidas das copas, o dispositivo do Estatuto do Torcedor que proíbe o consumo de álcool durante os jogos, em todo o território nacional.

Leia a íntegra em A Fifa exige tudo

Estudo mostra que o Aquífero Guarani está contaminado por agrotóxicos

Via EcoDebate
19.05.2011


O Aquífero Guarani, manancial subterrâneo de onde sai 100% da água que abastece Ribeirão Preto, cidade do nordeste paulista localizada a 313 quilômetros da capital paulista, está ameaçado por herbicidas.

A conclusão vem de um estudo realizado a partir de um monitoramento do Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Daerp) em parceria com um grupo de pesquisadores, que encontrou duas amostras de água de um poço artesiano na zona leste da cidade com traços de diurom e haxazinona, componentes de defensivo utilizado na cultura da cana-de-açúcar.

No período, foram investigados cem poços do Daerp com amostras colhidas a cada 15 dias. As concentrações do produto encontradas no local foram de 0,2 picograma por litro – ou um trilionésimo de grama. O índice fica muito abaixo do considerado perigoso para o consumo humano na Europa, que é de 0,5 miligrama (milésimo de grama) por litro, mas, ainda assim, preocupa os pesquisadores, que analisam como possível uma contaminação ainda maior.

No Brasil, não há níveis considerados inseguros para as substâncias. Ainda assim, a presença do herbicida na zona leste – onde o aquífero é menos profundo – acende a luz amarela para especialistas. Segundo Cristina Paschoalato, professora da Unaerp que coordenou a pesquisa, o resultado deve servir de alerta. “Não significa que a água está contaminada, mas é preciso evitar a aplicação de herbicidas e pesticidas em áreas de recarga do aquífero”, disse ela.

O monitoramento também encontrou sinais dos mesmos produtos no Rio Pardo, considerado como alternativa para captação de água para a região no longo prazo. “Isso mostra que, se a situação não for resolvida e a prevenção feita de forma adequada, Ribeirão Preto pode sofrer perversamente, já que a opção de abastecimento também será inviável se houver a contaminação”.

Aquífero ameaçado

O Sistema Aquífero Guarani, que faz parte da Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, cobre uma superfície de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 839., 8 mil no Brasil, 225,5 mil quilômetros na Argentina, 71,7 mil no Paraguai e 58,5 mil no Uruguai. Com uma reserva de água estimada em 46 mil quilômetros quadrados, a população atual em sua área de ocorrência está em quase 30 milhões de habitantes, dos quais 600 mil em Ribeirão Preto.

A água do SAG é de excelente qualidade em diversos locais, principalmente nas áreas de afloramento e próximo a elas, onde é remota a possibilidade de enriquecimento da água em sais e em outros compostos químicos. É justamente o caso de Ribeirão, conhecida nacionalmente pela qualidade de sua água.

Para o engenheiro químico Paulo Finotti, presidente da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma), Ribeirão corre o risco de inviabilizar o uso da água do aquífero in natura. “A zona leste registra plantações de cana em áreas coladas com lagos de água do aquífero. É um processo de muitos anos, mas esses defensivos fatalmente chegarão ao aquífero, o que poderá inviabilizar o consumo se nada for feito”, explica.

Já para Marcos Massoli, especialista que integrou o grupo local de estudos sobre o aquífero, a construção de casas e condomínios na cidade, liberada através de um projeto de lei do ex-vereador Silvio Martins (PMDB) em 2005, é extremamente prejudicial à saúde do aquífero. “Prejudica muito a impermeabilidade, o que atinge em cheio o Aquífero”, diz. Continua

Fukushima: Falta de medidas adequadas agravou os efeitos dos acidentes nucleares no Japão

Via EcoDebate
27.12.2011

Depois de nove meses dos acidentes radioativos relacionados à Usina de Fukushima Daiichi, no Japão, peritos japoneses e estrangeiros concluíram que medidas de precaução adequadas poderiam ter evitado vários episódios registrados em 11 de março deste ano. Na ocasião, um terremoto seguido por tsunami causou danos nos reatores da usina provocando explosões e vazamentos.

A conclusão foi divulgada ontem (26) durante um painel de peritos no Japão. Durante os debates, especialistas disseram que os acidentes demonstraram a necessidade de ampliar as medidas de prevenção referentes às ações de emergência relativas à usina. Segundo eles, houve falhas no que se refere às influências de terremotos e tsunamis na estrutura física da usina.

”Não se pode negar que faltou às pessoas envolvidas nas ações relativas ao desastre nuclear, como os responsáveis pela gestão e operação de usinas nucleares, uma avaliação mais ampla para a prevenção de catástrofes nucleares”, informou o relatório divulgado hoje.

Os vazamentos e as explosões registrados em Fukushima ainda geram consequências no Japão e no mundo. Nove cidades japonesas que cercam a usina foram esvaziadas e as pessoas passaram a viver de forma improvisada. Os alimentos produzidos na região foram proibidos para consumo.

Crianças e adolescentes são monitorados permanentemente para verificação do nível de radiação. Paralelamente, o governo do Japão passou a reexaminar o uso e o funcionamento das usinas de energia elétrica no país.

*Com informações da agência oficial de notícias do Japão, Kyodo // Edição: Lílian Beraldo

Reportagem de Renata Giraldi*, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 27/12/2011

fonte

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Irán sopesa cambiar la lapidación de una mujer adúltera por la horca

No El País
26.12.2011




AQUI!


Igreja que prega "cura de gays" na TV deve ser punida, diz Jean Wyllys

Via Estadão
Por FÁBIO BRANDT
26.12.2011

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), ganhador do Big Brother de 2005, afirmou em entrevista ao UOL e à Folha que padres e pastores devem ser sancionados por atacarem homossexuais em seus programas de TV e rádio e por promoverem programas de "recuperação" ou "cura" da homossexualidade. Segundo ele, a punição deve ser estabelecida em lei.
"A afirmação de que homossexualidade é uma doença gera sofrimento psíquico para a pessoa homossexual e para a família dessa pessoa", disse. Continua

Espanha e Portugal

Space Station (ISS)




detalhes



Polícia Federal indicia 17 pessoas e duas empresas por vazamento no Rio de Janeiro/// "É preciso definir responsabilidades"



Jornal da Globo - 21.12.2011



Jornal das Dez - 19.11.2011



Leia também:
Chevron é multada em R$ 10 milhões por falha em plano de emergência




E na lista dos desejos para o próximo ano...

Via Greenpeace
Por Leandra Gonçalves
22.12.2011

O ano não acaba bem para o meio ambiente no Brasil. Só nos últimos meses, tivemos dois acidentes relacionados à exploração de petróleo em áreas oceânicas. Entre eles, o recente acontecido na Baía de Campos, norte do Rio de Janeiro, causado pela petroleira americana Chevron.

Maior que o impacto, grande, foi a falta da governança brasileira em atuar em situações de emergência. Na ocasião do vazamento faltou transparência, faltou verdade, estrutura, fiscalização e ações de comando e controle para garantir a preservação da nossa biodiversidade e a integridade do nosso mar.

O delegado da Polícia Federal Fabio Scliar foi pró-ativo. Lançou hoje uma nota afirmando claramente que “atuaram (representantes da empresa) aqui de maneira leviana e irresponsável”.

A empresa merece o banco dos réus. Mas, não o ocupa sozinha. Compartilha-o com o próprio governo brasileiro. A ANP não regulou, o IBAMA não fiscalizou, a Marinha não tinha estrutura suficiente para operar em casos de acidente off-shore e a Defesa Civil sequer apareceu na cena do crime.

Com uma estrutura dessas não dá para pensar em explorar o tal “bilhete premiado” do pré-sal, que desse jeito pode nos trazer mais problemas do que solução.

Minha lista dos desejos para o próximo ano? Que o governo brasileiro não se esqueça que o Brasil não deve seguir o exemplo dos países desenvolvidos, mas sim dar o exemplo, de como se desenvolver de forma limpa e segura. O nosso futuro é renovável. Investir nosso dinheiro na exploração do pré-sal é investir no passado.

* Leandra Gonçalves é bióloga da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace no Brasil.

fonte

Estudos apontam que a domesticação de gatos começou há cerca de 10 mil anos

Via Correio Braziliense
Por Paloma Oliveto
25.12.2011

Eles não levam a bolinha até o dono, não abanam o rabo como sinal de felicidade nem colocam a barriga para cima pedindo carinho. Nem por isso merecem ficar de fora da categoria “melhor amigo do homem”. Gatos podem até parecer pouco afetuosos, mas, se fosse assim, não existiriam cerca de 600 milhões deles vivendo com humanos, em todas as partes do mundo. Essa amizade é mais antiga que se pensava. Por muito tempo, acreditou-se que a aproximação dos felinos com as pessoas começou há 3,5 mil anos, no Egito. Mas novos estudos genéticos sugerem que, na verdade, foi há quase 10 mil anos, na região do Crescente Fértil (no Oriente Médio e norte da África), que teve início essa história de amor.


Túmulo de homem enterrado com um gato  há 9,5 mil anos
 na Ilha de Chipre: convívio humano com o animal
começou muito antes dos egípcios

Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC), câmpus Davis, a região geográfica considerada o “berço da civilização moderna” também é o berço dos gatinhos. Foi lá que os felinos começaram a ser domesticados. De acordo com a veterinária Monika Lipinski, que conduziu um estudo sobre a ancestralidade dos gatos na UC envolvendo o DNA de 11 mil gatos, todos eles têm origem no mesmo lugar. Assim como ocorreu com os cachorros, a relação inicial foi de troca. Os homens, fixados no campo, precisavam de um aliado que desse cabo das ratazanas que insistiam em devorar os estoques de alimentos cultivados. Por sua vez, os gatos, predadores naturais de roedores, provavelmente viram nos novos assentamentos agrícolas a chance de ganhar banquetes diários. Continua

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal de todos os povos

Via Gazeta do Povo
Por Franco Caldas Fuchs
24.12.2011

O espírito é o mesmo, mas etnias diferentes encontram um jeito particular de celebrar a data de acordo com seus costumes

Ouro, mirra e incenso. Assim como cada um dos reis magos – Belchior, Baltazar e Gaspar – deu ao menino Jesus um presente diferente, cada povo e cada família tem uma forma de homenagear o nascimento de Cristo. Em Curitiba, cidade que reúne etnias do mundo inteiro, comemorações natalinas bem típicas coexistem com tradições religiosas.

“Etnias diferentes têm costumes diferentes. Mas a celebração é sempre a mesma: o nascimento de Jesus”, explica Mário Antonio Betiato, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Continua

Avenida Paulista, São Paulo, São Paulo, Brasil



Jornal Nacional - 23.12.2011



Jornal das Dez - 23.12.2011



Radar SP - 19.12.2011



10 razões para se indignar

Via Época
Por RUTH DE AQUINO
22.12.2011

O ano é outro. O presidente também. Mas os 10 motivos de indignação listados no Natal passado mudaram pouco. Faltou vontade política ou atitude nossa? Ou ambos? Sete itens continuaram os mesmos, atualizados com informações de 2011. Há três novidades: seria uma injustiça deixar de fora o Supremo Tribunal Federal, o Enem e os ministros herdados por Dilma.

Aí vai a lista deste ano. Conseguiremos reduzir?

1) A falta de saneamento e habitação decente para os mais pobres. O número de brasileiros em favelas dobrou em uma década, segundo o IBGE. Em dois anos de Fernando Henrique e oito de Lula, passamos a ter 11,4 milhões de brasileiros em favelas. A população carente cresce mais que famílias de outras classes sociais. E não se discute planejamento familiar porque a Igreja não deixa.

2) O escândalo do Enem, um exame até agora em suspenso devido a vazamentos e confusões em cálculos de notas. E o analfabetismo no Brasil, maior que no Zimbábue. No ano passado, éramos a oitava economia mundial, mas em breve seremos a sexta. Quando a educação será nossa prioridade em número de alunos e qualidade de instrução?

3) Os absurdos privilégios dos deputados e senadores, que aprovam aumentos para si mesmos e, além de receber 15 salários por ano, dispõem de verba extra indecente: cerca de R$ 30 mil mensais, para gasolina, alimentação, correio, telefone, gráfica. Além de todas as mordomias, os deputados esperneiam para aumentar a verba mensal de gabinete de cada um, de R$ 60 mil para R$ 80 mil. O que fazem os secretários dos deputados? O Congresso entende o momento da economia ou precisa explicar?

4) A impunidade de corruptos nos Poderes. Exonerar meia dúzia de ministros não basta. A Controladoria-Geral da União acaba de revelar que R$ 67 milhões devem ter sido desviados pelo Turismo do ex-ministro Pedro Novais. Duvido que seja tão pouco. Melhor mesmo é esquecer palavras como “desvio” e “malfeito” e chamar pelo nome real: roubo.

5) A agressividade no trânsito, que torna o Brasil recordista em mortes em acidentes. A novidade em 2011 é que chegamos ao maior número de vítimas em 15 anos. Já são 40.610 mortos no trânsito, média de 111 por dia, 4,6 por hora, mais de um morto a cada 15 minutos. Uma das causas é o aumento das motos. Morreram mais motociclistas que pedestres.

6) A falta de educação da elite brasileira. Boa parcela de ricos desenvolve falta de educação associada à arrogância e à crença na impunidade. Joga lixo nas praias e da janela de carros importados, dá festanças ignorando a lei do silêncio, viola a legislação ambiental e sempre quer levar vantagem. Esse item continua igualzinho ao ano passado. Continua

MPF investiga uso de violência em desapropriações para obras de porto

Via blog do Noblat
23.12.2011

Milícia e segurança privada estariam atuando para retirada de moradores da região de obras da LLX, de Eike Batista

Gabriel de Paiva, O Globo

Ameaças e uso da força para coagir proprietários rurais, produtores de abacaxi e maxixe, a deixarem suas casas na região onde está sendo construído, em São João da Barra, o Porto do Açu, pela LLX, de Eike Batista. Este é o foco da investigação, instaurada nesta quinta-feira, pelo Ministério Público Federal (MPF) em Campos (RJ).

Segundo denúncias encaminhadas ao órgão por associação de moradores locais, a empresa, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio (Codin), estariam lançando mão de policiais e seguranças privados que atuariam como milícias, de forma truculenta, para a retirada dos moradores da área do 5º Distrito do município onde estão sendo realizadas as obras do empreendimento do grupo EBX.

Cerca de 800 famílias que gostariam de permanecer na região estariam sofrendo ameaças para deixar o local. Ainda de acordo com informações recebidas pelo MPF, moradores que já foram removidos não teriam recebido indenização e alguns despejos foram realizados sem a apresentação de ordem judicial.

Leia mais em MPF investiga uso de violência em desapropriações para obras do Porto Açu

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Obesidade e sedentarismo fazem casos de diabete disparar

Via Gazeta do Povo
Por Rafaela Bortolin
28.11.2011

Incurável, doença atinge 350 milhões de pessoas no mundo. Em 2030, previsão é de que o número seja quase 60% maior

Uma doença silenciosa e incurável, que compromete a qualidade de vida dos pacientes, pode levar a problemas graves (como enfarte, AVC e amputações de membros) se não for bem tratada e que atinge cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês). Esse é o perfil da diabete atualmente e os especialistas são unânimes: o quadro vem se agravando e tende a ficar muito pior nos próximos anos.

De acordo com a IDF, são quase 350 milhões de diabéticos no mundo atualmente, mas esse número deve saltar para mais de 550 milhões até 2030, um aumento de 57%. Em Curitiba, dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSC) mostram que 71 mil pessoas maiores de 40 anos têm a doença, o que corresponde a 11% da população nessa faixa etária.

Segundo o presidente eleito da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Balduino Tschiedel, a doença está crescendo em todos os países e o motivo principal é uma combinação de sedentarismo e alimentação cheia de produtos industrializados – ricos em sódio e em gordura saturada – e pobre em frutas, verduras, legumes, carnes magras e cereais integrais, levando a um aumento dos casos de obesidade. Continua

El temor por los implantes mamarios franceses se extiende a otros países

No El Mundo
Por Laura Tardón | Madrid
23.12.2011




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ONG divulga lista dos dez locais mais perigosos para jornalistas

Via blog do Noblat
23.12.2011

Deutsche Welle

A organização Repórteres Sem Fronteiras divulga relatório anual e constata que em 2011 o preço da liberdade de imprensa foi alto. Paquistão encabeça lista de dez locais mais perigosos para o jormalismo no mundo. Iraque, México e Líbia são outros países com mais mortes de jornalistas.

"Em muitos países, 2011 foi marcado por manifestações e luta pela liberdade e democracia. A maioria dos governos respondia [às revoltas] com violência. Eles não queriam apenas acabar com os protestos, mas também eliminar quaisquer reportagens sobre o tema", explica Michael Rediske, o porta-voz da seção alemã da ONG Repórteres Sem Fronteiras, alertando ter sido este um dos principais motivos do aumento da repressão e violência contra jornalistas e profissionais da mídia em 2011.

Neste ano morreram pelo menos 66 jornalistas nove a mais do que em 2010. Além disso, o ano foi marcado pela detenção de 1.044 jornalistas, muitos devido a Primavera Árabe. Este é quase o dobro do número de profissionais presos em 2009.

Leia mais em ONG divulga lista dos dez locais mais perigosos para jornalistas

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The 10 most dangerous places for journalists

Programação do Tome Ciência

JC e-mail 4411, de 22 de Dezembro de 2011.
Programação do Tome Ciência


Confira a sinopse dos programas das próximas semanas. O quadro de debates pode ser visto pela TV e pela internet.

De 24 a 30 de dezembro: De onde viemos, para onde vamos

Completados 150 anos - em julho de 2008 - da teoria da evolução, de Charles Darwin, o ser humano ainda se interroga sobre suas origens. Basta lembrar os criacionistas, que defendem a existência de uma inteligência superior por trás de todos os eventos de criação da vida. Neste mesmo ano de 2008, cientistas do mundo inteiro se juntaram para colocar em funcionamento, um túnel subterrâneo de 27 quilômetros de circunferência, só para poder examinar as condições do Big Bang - para muitos a origem do universo. O que também é contestado. Afinal, do ponto de vista científico, como teria surgido a vida humana em nosso planeta? E o próprio planeta? E como anda a nossa evolução biológica? Superada pelas intervenções da medicina? Mais dependentes da cultura?

31 de dezembro a 6 de janeiro - Favelas sem preconceito

Quando se fala em favelas, a associação imediata é com violência, de traficantes ou milícias, e Rio de Janeiro. E mais: miséria, superpopulação, pobreza. Mas não é o que mostram as pesquisas. São Paulo, por exemplo, tem mais favelas que o Rio. Vigário Geral e Parada de Lucas, das mais conhecidas no noticiário policial, têm 100 % das casas com energia elétrica; 99 % com água encanada; 98 % com esgoto e 97 % com coleta de lixo. E o número médio de pessoas por residência - e vale dizer que 89 % são casas próprias - é bastante próximo da média da cidade. Números bem distantes da lógica que uniformiza o debate de políticas públicas para as favelas, embora elas sejam diferenciadas e exijam conhecimento cada vez mais especializado. É o que vem acontecendo no mundo acadêmico com o crescimento de pesquisas, teses e até organizações não governamentais criadas a partir da ação de cientistas sociais.

7 a 13 de janeiro - Na cena do crime, a vez dos peritos

O assassinato da menina Isabela Nardoni, que escandalizou o país por envolver o próprio pai e sua nova mulher, evidenciou a grande quantidade de recursos tecnológicos que envolvem os laudos técnicos. Atualmente, única gota de sangue pode trazer mais informações sobre a cena de um crime do que um eventual depoimento de testemunha. Cada vez mais a ciência fornece subsídios para as investigações. Física, química, microscopia eletrônica, são muitas as áreas de estudo, sem falar na já famosa psicologia, pois instiga buscar razões ou tentar compreender os motivos dos crimes. Para verificar o quanto a ciência já faz parte da criminalística, ao ponto de ter sido criado um Programa Nacional de Ciência e Tecnologia Aplicada na Segurança Pública, convidamos especialistas no assunto. Talvez seja até mais apropriado dizer, verdadeiros peritos.

Confira os canais que transmitem o Tome Ciência

A Amazônia morre e os jornais não vêem

JC e-mail 4409, de 20 de Dezembro de 2011.
A Amazônia morre e os jornais não vêem


Artigo de Leão Serva publicado na Folha de São Paulo de hoje (20).

Nos últimos dias, dados preliminares de desmatamento da região foram anunciados como "boa notícia" ao mostrar que a destruição reduziu velocidade, quando apenas querem dizer (se comprovados) que o tumor causou a amputação de parte menor do corpo. Enquanto governo e imprensa fazem festa, o paciente morre. Procedimentos essenciais do jornalismo determinam a desinformação sobre o desaparecimento da maior floresta do mundo.

Um exemplo: no dia 16/10, a Folha deu manchete para um inédito levantamento de todas as obras de infraestrutura do PAC para a Amazônia. A reportagem saiu em "Mercado" e pela primeira vez foi possível ver que está em curso uma série de obras com dinheiro da União que, tantas sendo, não podem ser benignas numa floresta atacada há 40 anos. Mas, como o jornal é dividido em editorias e as notícias devem se submeter a elas, a mesma edição do jornal revelava na editoria "Ciência", páginas distante, que o "País faz mais obras, mas diminui gasto com conservação".

A separação das notícias tira do leitor a capacidade de entender fatos complexos, como o atual processo de destruição da Amazônia. O fracionamento faz com que a tramitação do Código Florestal no Congresso seja tratada em páginas de política; obras de infraestrutura na Amazônia, em economia; o ritmo da devastação florestal, em ciência; as mudanças dramáticas no clima amazônico, em meteorologia.

O ineditismo do levantamento da Folha é prova de omissão frequente da nossa imprensa: não ligar notícias de um dia com o passado. No caso das obras na Amazônia, os jornais nunca somam o impacto de obras já inauguradas com as que são anunciadas.

O governo se aproveita da miopia: jamais anuncia dois projetos ao mesmo tempo, diluindo o impacto de cada um. O próprio índice percentual de destruição total da floresta (estimado pelo Inpe pela análise de fotos de satélites do programa Prodes) é tema de confusão. O órgão divulga a cada ano quatro meses levantamentos de satélites diferentes, com dados às vezes contraditórios. Neste ano, os alertas de incêndio e desmatamento dos programas Deter e Degrad indicaram um aumento da degradação, mas os dados preliminares de desmatamento total revelam redução da velocidade de destruição.

Dois defeitos se repetem anualmente na divulgação dos dados do Inpe: (a) ao divulgar percentuais, o instituto esconde a soma dos valores absolutos de desmatamento já acumulado; (b) o noticiário não junta os dados dos programas que medem destruição total (Prodes) e degradação grave (Deter e Degrad), que poderiam revelar à opinião pública o ritmo assombroso da destruição da Amazônia.

Quanto ao primeiro defeito: segundo o Inpe, o desmatamento acumulado das áreas ocupadas por floresta em 1988 é de 18% (ou seja, quase 1/5 da maior floresta do mundo sumiu em 23 anos)! A segunda questão é mais dramática: a cada hectare inteiramente desmatado, outro sofre degradação irreversível. Ou seja, em 23 anos, o processo de destruição da floresta (desmatamento total e degradação grave) já amputou cerca de 35% da floresta, aproximando-se da previsão, que parecia apocalíptica nos anos 1980, de que a floresta amazônica poderia desaparecer em 50 anos.

A confusão de índices de desmatamento é semelhante à cobertura da inflação anos atrás: em 1989, uma redução da alta de preços de 80% para 20% seria notícia boa se o índice tendesse a zero, o que se deu com o Plano Real, em 1994. Já a destruição da Amazônia não tem Plano Real à vista: o governo federal quer estabilizar o desmatamento em 5 mil km²/ano, área de três cidades de São Paulo. Assim, de "boa notícia" em "boa notícia", a floresta morre.

Leão Serva, jornalista, ex-secretário de Redação da Folha (1988-92), é autor de "Jornalismo e Desinformação" (editora Senac).

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ninguém protestou contra a lei que amarrou o Ibama

Via O ECO
21.12.2011


Enquanto corriam os prostestos contra Belo Monte e o Código Florestal, passou uma lei que desmonta a fiscalização ambiental no Brasil. Por Gustavo Geiser



Na semana passada, uma notícia me deixou estarrecido: a sanção presidencial da Lei Complementar 140. Parece que essa lei passou debaixo do radar dos ambientalistas. Fui pego de supetão, já que o noticiário só falava da Belo Monte e das alterações no Código Florestal, a maioria delas letra morta, referente a regras amplamente descumpridas. Enquanto isso, a LC 140, em especial seu Art. 17, desmonta uma estrutura que está funcionando. Através dela, o Ibama perde o poder de autuar crimes ambientais quando o licenciamento é de responsabilidade de estados e municípios. Continua

Estudo analisa relação do homem com a crueldade gratuita

Via Agência USP de Notícias
Por Mariana Soares - nanacsoares@gmail.com
20.12.2011

Embora certos atos de crueldade pareçam gratuitos, eles não o são, havendo um componente prévio de ordem política ou social. A pesquisa Estudo psicanalítico sobre a gramática da maldade, desenvolvida no Instituto de Psicologia (IP) da USP, analisou algumas modalidades de violência, com base nos grandes genocídios. Principalmente no Holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando a barbárie humana atingiu uma magnitude até então inédita.

A fim de compreender como o homem pôde alcançar tais níveis de destrutividade, a psicóloga Marie Danielle Brulhart Donoso resolveu articular aspectos históricos e cotidianos, e individuais e coletivos, fazendo uma análise da relação indivíduo-mundo. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, relaciona a perversão à sexualidade, mas a autora ampliou o estudo para as perversões morais (não ligadas à sexualidade): “a perversidade está também na relação do dia-a-dia, e não só nos grandes massacres. A dominação atrelada à crueldade pode encontrar-se num chefe autoritário, por exemplo”. A pesquisa direcionou sua análise aos opressores que praticam atos cruéis com indiferença (o perverso), havendo uma distinção daquele que o faz por prazer (o sádico). Continua

O recado dos deuses do futebol

Via Veja
Por Augusto Nunes
21/12/2011

Poderia ter sido qualquer time brasileiro, ou qualquer seleção formada depois de 1982. Mas os deuses dos estádios entenderam que não haveria portador mais credenciado que o Santos para o recado aos habitantes do que foi ─ até perder o rumo e a alma ─ o País do Futebol. Em 90 minutos (mais de 70 com a bola nos pés, o restante do tempo preparando-se para retomá-la), o campeão do Mundial de Clubes fez, a rigor, o que fizeram Pelé e seus parceiros de espetáculo na seleção de 1958, na seleção de 1970 e no Santos dos anos 60. “Pelo que ouvi do meu pai, os brasileiros jogavam assim”, disse depois da goleada o técnico Pep Guardiola. O Barcelona é a versão moderna daquele Santos que transformou numa forma de arte a velha e brasileiríssima pelada.

O que se viu na manhã de domingo, a rigor, foi uma sublime pelada regida por 11 craques. E os 4 a 0 em Yokohama (que poderiam ter sido 6, 8, 9 a 0) liquidaram muito mais que um adversário sem chances desde o primeiro segundo. Liquidaram os técnicos medrosos, as táticas retranqueiras, a discurseira defensivista, o cabeça de área, o volante que só desarma, o centroavante de ofício, o chutão do goleiro em direção ao imponderável, o jogo aéreo, o zagueiro que rifa a bola, o carrinho homicida, o atacante que não volta para marcar, os brucutus que trocam golpes de luta-livre na hora do escanteio e outras flores do buquê de cretinices tropicais.

A superioridade de dimensões amazônicas também desmoralizou os cartolas que desprezam as equipes de base para caçar medalhões em fim de carreira, que demitem o técnico depois de cinco derrotas, que desmontam a equipe vencedora depois do título conquistado, que acham que o importante é ganhar, mesmo com um gol de mão aos 47 do segundo tempo.
Continua




Final Mundial de Clubes 2011





Polícia Federal indicia 17 pessoas e duas empresas por vazamento no Rio de Janeiro




Jornal da Globo - 21.12.2011



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Una estrella moribunda da pistas sobre el destino último de la Tierra y el Sol

No El País
21.12.2011



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Código Florestal (1934-2011), por José Eli da Veiga


JC e-mail 4409, de 20 de Dezembro de 2011.
Código Florestal (1934-2011)


Artigo de José Eli da Veiga no Valor Econômico de hoje (20).

Obituário: ele faleceu na noite da terça-feira, 6/12, vítima de múltiplos atropelamentos no Congresso. O corpo passará o verão em necrotério, pois há quem proponha seu esquartejamento antes da cerimônia no Planalto. Crueldade que só poderá ser evitada se deputados e senadores forjados na luta pela redemocratização aproveitarem o recesso para meditar sobre três questões.

O Código que está para ser revogado amadureceu em 15 anos de deliberações democráticas. Começou a tramitar em 2 de janeiro de 1950, quando o "Projeto Daniel de Carvalho" foi encaminhado ao Congresso por mensagem presidencial de Eurico Gaspar Dutra. Resultou a lei federal do "Novo Código Florestal" (NCF), só promulgada dia 15 de setembro de 1965, já por Castello Branco, em conjuntura que Elio Gaspari tão bem caracterizou como "Ditadura Envergonhada" (Companhia Das Letras, 2002). Antes do Ato Institucional nº 2 que dissolveu os partidos, tornou indireta a escolha do presidente da República e transferiu para a Justiça Militar o julgamento de crimes políticos.

Esse esclarecimento é crucial para desmentir ladainha da cruzada dos grupos mais interessados em afrouxamento das normas de conservação agroambiental. Infelizmente, também por desinformados simpatizantes da mobilização que alerta a opinião pública para as injustiças e retrocessos contidos nos projetos da Câmara (PLC 30) e do Senado (Substitutivo 1358). O NCF não foi "obra dos militares". Afirmá-lo é conspurcar a memória das lutas pela democracia.

A obra dos militares foi inversa. Por 27 anos foram promovidos desmatamentos de áreas vocacionadas à preservação permanente, assim como sabotagens de outros dispositivos de proteção desses "bens de interesse comum a todos os habitantes do país". Não apenas nos dois decênios de ditadura "escancarada", "encurralada" e "derrotada" (1965-1985), como também no tragicômico setenado de Sarney e Collor (1985-1992). As salvaguardas do artigo 225 da Constituição de 1988 só puderam surtir efeito dez anos depois, com a Lei de Crimes Ambientais, também esmiuçada pelo Congresso entre 1992 e 1998.

A principal consequência política dessa história institucional é a admissibilidade de se anistiar aqueles produtores agropecuários que - até 1998 - descumpriram o NCF por terem sido oficialmente tangidos a suprimir vegetação nativa de áreas sensíveis. O corolário é que nada tem de anistia, mas sim de torpe indulto, qualquer perdão a desmatamento feito sem licença a partir de 1999.

Ao não estabelecerem tal distinção, PLC e Substitutivo tratam como se fosse farinha do mesmo saco duas realidades opostas: áreas rurais legitimamente "consolidadas" por árduo e cuidadoso trabalho de abnegados produtores agropecuários, versus terras travestidas de pastagens para a especulação fundiária. A predatória aposta que alavancou 80% do déficit de áreas de preservação permanente: 44 dos faltantes 55 milhões de hectares (Mha).

Só isso explica a ilusão de que a bovinocultura ocupe área 3,5 vezes maior que o total das lavouras. A maior parte dos 211 milhões de hectares tidos como pastos constitui gigantesco estoque imobiliário voltado a rendimentos que nada têm a ver com atividades produtivas (lucros "extraordinários" em economês). Serão os senhores desses domínios os principais ganhadores caso o NCF seja revogado por diploma semelhante ao PLC ou ao Substitutivo senatorial.

Além de indultar as criminosas devastações dos últimos 13 anos, e premiar especuladores fundiários disfarçados de pecuaristas, esses dois projetos embutem uma terceira atrocidade: dispensam todos os imóveis rurais com área de até 4 módulos fiscais, por alegada compaixão por empreendedores agropecuários de pequeno/médio porte. Aí se tira proveito da reinante confusão entre duas categorias legais: imóveis e estabelecimentos. Uma coisa é propriedade/posse fora de perímetro urbano ("imóvel rural"). Outra é empreendimento agrícola, pecuário e/ou florestal ("estabelecimento agrícola"). Nem toda propriedade imobiliária abriga negócio produtivo.

Atinge 56 milhões de hectares o hiato entre a área ocupada por imóveis rurais de até 4 módulos fiscais (136 milhões de hectares) e a dos estabelecimentos agrícolas familiares (80 milhões de hectares). Lacuna que corresponde a 544 mil imóveis, cuja área média é, portanto, de 103 hectares. A maior parte não entra no Censo Agropecuário pelo simples fato de se tratar de terras nas quais inexiste atividade produtiva relevante. É a fatia da especulação imobiliária voltada ao mercado dos sítios e chácaras de recreio, turbinado pelas famílias urbanas emergentes. Neste caso, solidariedade aos agricultores familiares só serve de pretexto para contentar outros ocupantes do andar de cima com desobrigações de práticas conservacionistas.

Esta é, em suma, a economia política da revogação do NCF: um pacto do latifúndio mais tropical com as bucólicas elites urbanas. Aliança que já demonstrou imensa força parlamentar. Principalmente por contar com estarrecedora adesão do PT, a reboque da esquisita titular do Meio Ambiente.

José Eli da Veiga é professor dos programas de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).

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Gota D’água pede e governo nega paralisação de Belo Monte

Em audiencia com ministros, Movimento entrega 1,35 milhão de assinaturas contra usina e documento à Dilma Rousseff, mas governo diz que investimentos ja são grandes demais para retroagir, apesar de problemas no processo

Publicado em 20 de dezembro de 2011

Por Xingu Vivo

No final desta terça feira, 17, os representantes do Movimento Gota D’água Sergio Marone, Maria Paula e Natalia Dill, acompanhados da coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antonia Melo, e do padre Ricardo Rezende, do Movimento Humanos Direitos, foram recebidos em audiência pelos ministros da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, e de Minas e Energia, Edison Lobão, para discutir o polêmico projeto de Belo Monte. Na oportunidade, foi feita a entrega simbólica do 1,35 milhão de assinaturas colhidas pelo Gota D’água contra a usina.

De acordo com Antônia Melo, apesar de garantirem uma predisposição para ampliar o diálogo sobre a política energética brasileira, os representantes do governo foram taxativos ao afirmar que Belo Monte não será paralisada em função dos grandes investimentos já feitos na obra. “Quando falamos dos problemas da falta de diálogo com as populações atingidas, Lobão tentou argumentar que Belo Monte é um projeto gestado por mais de 40 anos, período em que os indígenas, por exemplo, teriam sido suficientemente ouvidos. Mas no fim admitiram falhas no processo de Belo Monte, ao dizer que os próximos projetos de hidrelétricas na Amazônia seriam conduzidos de forma diferente”, relata.

Segundo a coordenadora do Xingu Vivo, o governo admitiu que o número de assinaturas coletadas pelo Gota D’água é expressivo, e que, diante disso, estaria disposto a ampliar o dialogo. Também deixou claro que estaria envolvendo o movimento em futuras discussões por serem seus membros “formadores de opinião”. “Os ministros falaram que querem realizar um grande seminário sobre política energética em fevereiro de 2012, e convidaram o Gota D’água a participar. O movimento agradeceu o convite, mas ponderou que levará especialistas que confrontam a visão técnica do governo”.

Já segundo Sergio Marone, que leu uma extensa carta endereçada a presidente Dilma Rousseff, “ao passo que o governo se mostrou irredutível [acerca de Belo Monte], nós continuaremos a nossa campanha pela imediata paralisação da obra, ao mesmo tempo em que pressionaremos pela abertura de um debate sobre política energética que envolva um dialogo verdadeiro, onde as demandas das populações são ouvidas e consideradas”. Continua

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quantas Pessoas Cabem Na Terra? - How Many People Can Live On Planet Earth?

2009/BBC
Sir David Attenborough






O Butantan desafia o cartel das vacinas

JC e-mail 4408, de 19 de Dezembro de 2011.
O Butantan desafia o cartel das vacinas


Artigo de Isaias Raw publicado na Folha de São Paulo de domingo (18).

"A empresa Sanofi propôs ao governador de São Paulo a compra da divisão bioindustrial do Instituto Butantan. O Brasil está sendo loteado: um grande volume de vacinas de Biomanguinhos é importado a granel de uma multinacional; a Funed (Fundação Ezequiel Dias), que nunca produziu vacinas, passará a envasar a vacina contra meningite C de outra multinacional, que se propõe a construir a sua "fábrica" na região Nordeste, oferecendo cem empregos!

Voluntários são recrutados no Brasil para testar as vacinas, anunciadas como brasileiras, que serão produzidas no exterior. Querem que voltemos a ser o consumidor de vacinas importadas. Não basta o uso das patentes para bloquear a produção, como mostrou o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite em artigo neste espaço ("Patentes, pirataria e servilismo", 7/11) e a venda do produto a granel.

É preciso liquidar o Butantan, porque nós ousamos desenvolver novas vacinas e a tecnologia para sua produção! Voltaríamos a ser mais um enorme mercado, num país sem desenvolvimento. Aceitaremos ser colônia? Cinco empresas fornecem 80% das vacinas para o mundo! Durante a ameaça da pandemia da influenza AH1, aproveitando o pânico criado, as empresas venderam para os países médios e pobres vacinas por preços entre seis e sete euros.

Para atender o Ministério da Saúde, fomos obrigados a importar, usando um contrato provisório, 40 milhões de doses da vacina AH1. Em 2011, como a pandemia não matou mais do que a influenza sazonal, passaram a oferecer a mesma vacina (com mais dois sorotipos) por 0,60 euro! Continua

Grupo quer comprar Butantan, diz cientista

JC e-mail 4408, de 19 de Dezembro de 2011.
Grupo quer comprar Butantan, diz cientista


Multinacional Sanofi ofereceu R$ 4,5 bi pelo setor de vacinas do instituto, afirma Isaías Raw. Empresa e governo negam.

Na última sexta-feira, funcionários de alto escalão do Instituto Butantan mencionavam uma cifra que corresponderia ao preço oferecido pela empresa Sanofi, gigante multinacional de medicamentos, para comprar a divisão bioindustrial do Instituto Butantan: R$ 4,5 bilhões.

Para efeito de comparação, a privatização da Telesp, em 1998, saiu por R$ 5,8 bilhões, em dinheiro da época. A divisão em questão é cobiçada. Nela se desenvolvem e são fabricados milhões de doses de vacinas, 80% de toda a produção nacional destinada a humanos, utilizadas pelo Ministério da Saúde.

Ontem, um dos mais respeitados cientistas brasileiros, o médico Isaías Raw, 84, publicou, na seção "Tendências e Debates" da Folha, artigo em que denunciava a tentativa da empresa Sanofi de comprar parte do Butantan.

O governo estadual, Sanofi e Butantan negam qualquer oferta, ou mesmo conversas no sentido de privatização.

Professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Raw chefiou o Instituto Butantan nos anos 1990. Quando se aposentou no serviço público, assumiu a presidência da Fundação Butantan, braço operacional do instituto. Nesses cargos, foi um dos principais responsáveis pela transformação do Butantan, famoso pelos estudos de venenos de serpentes, em centro de pesquisas e fabricação de vacinas. Ainda hoje, Raw é figura-chave no Butantan: preside o Conselho Técnico Científico da fundação. Continua