Via blog do Noblat
13.05.2012
O Globo
Considerada a pior dos últimos 50 anos em alguns estados do Nordeste, a seca
está provocando um confronto que só se imaginaria no futuro: a guerra pela água.
Em Pernambuco, essa luta já começou com tiros, morte e exploração da miséria.
Protestos desesperados são registrados não só lá, mas em várias regiões do
semiárido, onde a estiagem já se alastra por 1.100 municípios.
A população pede providências imediatas dos governos para amenizar os efeitos
devastadores. A situação só não é pior já que as famílias contam com os
programas sociais, como o Bolsa Família. Como observam agricultores, a
preocupação no momento é maior com os animais, que estão morrendo de sede e
fome, do que com as pessoas.
Na beira das estradas que conduzem ao sertão, o verde não mais existe. Ao
longo das BRs 232 e 110, em Pernambuco, carroças puxadas a jumentos magros tomam
conta das margens em busca de água. Nos 100 quilômetros de extensão da PE 360,
que liga os municípios sertanejos de Ibimirim e Floresta, há 28 pontilhões sob
os quais os córregos corriam fortes. Hoje, estão todos secos.
Até mesmo o leito do Riacho do Navio — que ganhou fama na voz do cantor Luiz
Gonzaga — esturricou. Na última quinta-feira, bois magros tentavam em vão matar
a sede e tudo que encontravam era uma poça de lama escura naquele conhecido
afluente do rio Pajeú.
Em Pernambuco, 66 municípios do sertão e do agreste estão em estado de
emergência reconhecido. O quadro tende a se agravar já que a temporada de chuva
está encerrada e os conflitos aumentam. Em Bodocó, no início do mês, o
agricultor João Batista Cardoso foi cobrar abastecimento regular na sede local
da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e acabou morto. João Batista
se desentendeu com o chefe do escritório da estatal, José Laércio Menezes
Angelim, que disparou o tiro e hoje está foragido.
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