Via blog do Noblat
08.09.2012
O Globo
O julgamento do mensalão está provocando na opinião pública um debate que até
bem pouco não se considerava possível, dentro da tradição brasileira de
leniência com a corrupção pública.
É verdade que não houve mobilização para grandes manifestações nas ruas das
principais capitais do país, e nem mesmo em Brasília houve a movimentação que se
esperava, a ponto de o Supremo Tribunal Federal ter contratado segurança
particular reforçada.
Mas também o mensalão não virou “piada de salão”, como está prestes a
descobrir na própria pele o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que fez essa
previsão anos atrás, quando se considerava inalcançável pela Justiça
brasileira.
A repercussão de suas consequências já se faz sentir tanto nas redes sociais,
que escolheram o ministro relator Joaquim Barbosa como seu herói, quanto nas
pesquisas eleitorais que estão mostrando a perda de substância política do PT em
áreas onde sempre foi bem votado ultimamente, como o Nordeste.
As capitais do país, onde a classe média tem mais peso, estão até o momento
rejeitando os candidatos petistas, mesmo que o tema mensalão não tenha entrado
com toda força nas campanhas eleitorais e que se saiba que questões locais têm
grande influência nas eleições municipais.
O ex-presidente Lula tinha razão quando tentou, ultrapassando todas as
margens de segurança e civilidade democrática, adiar o julgamento para depois
das eleições. Ele sabia que a combinação dos dois não faria bem à saúde do PT,
muito embora os demais partidos também tenham suas culpas parecidas.
O problema do PT é que o julgamento dos políticos do DEM e do PSDB envolvidos
em mensalões semelhantes em Brasília e em Minas não está sendo realizado neste
momento.
No entanto, a jurisprudência que está sendo criada pelo Supremo Tribunal
Federal certamente levará a que os próximos julgamentos desse tipo de crime
ocorram sob critérios mais rigorosos do que, por exemplo, aquele que liberou o
ex-presidente Collor de Mello.
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