Via blog do Noblat
Por Ruy Fabiano
01.09.2012
Não há quem não tenha se surpreendido com os rumos que vem tomando o julgamento
do Mensalão. O país, até aqui, estava acostumado à inimputabilidade de seus
políticos. Podiam ser cassados no seu próprio âmbito, mas jamais no
Judiciário.
O próprio Fernando Collor, levado ao impeachment pelo Senado, safou-se no
Supremo Tribunal Federal por 5 a 3. Não houve, naquela ocasião, nenhuma
surpresa: até então, o STF jamais havia condenado um político. E prosseguiu
assim até aqui.
Nesse contexto, não causou qualquer estranheza a descrença popular quanto ao
Mensalão. Mais ainda pelo fato de se terem passado, entre a denúncia pública e o
julgamento, nada menos que sete anos.
No mundo jurídico, muitos dizem que isso é normal. Mas Collor foi julgado – e
absolvido - pelo STF em 1994, dois anos após a CPI que gerou o seu impeachment.
A opinião pública não se revoltou com a absolvição. Contentou-se com o
impeachment.
No caso do Mensalão, poderia ter ocorrido o mesmo. Afinal, a CPI gerou também
cassações, inclusive a do assim considerado mentor do processo, o ex-ministro
José Dirceu, apeado da Casa Civil e despojado de seu mandato de deputado
federal.
Por que, porém, isso não ocorreu? Há aí uma conjunção de fatores, entre os
quais uma maior conscientização quanto à necessidade de se ir adiante. Collor,
ao perder o mandato, viu-se banido da vida pública por oito anos, como impõe a
lei, e saiu de cena por todo aquele período.
O mesmo não se deu com a maioria dos protagonistas do Mensalão. José Dirceu
tornou-se um próspero consultor de empresas (mesmo sem jamais ter sido
empresário) e continuou a ser, depois de Lula, o mais influente líder de seu
partido.
João Paulo Cunha, absolvido pelo plenário da Câmara, reelegeu-se deputado e
foi designado pelo PT para presidir nada menos que a Comissão de Constituição e
Justiça. José Genoíno tornou-se assessor especial do Ministério da Defesa.
Leia a íntegra em O Mensalão e a torre de marfim