Via blog do Noblat
28.11.2012
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Nessa altura pouco importa se o ex-presidente Lula sabia ou não sabia se a
amiga Rosemary Noronha fazia e acontecia nos escaninhos da administração
pública.
A versão de que se sente "apunhalado pelas costas", repetindo a fórmula de
escape - "fui traído" - adotada no caso do mensalão, fala por si em matéria de
descrédito.
O importante é que se saiba como, quando, onde, por que, qual a extensão e a
dimensão das ligações, sob a proteção de quem atuava a quadrilha da venda de
pareceres descoberta pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.
Demissões, pentes-finos em contratos, extinção de cargos, tudo isso é bom e
necessário. Mas é insuficiente e ainda soa algo artificial quando se vê o
governo preocupado com o estado de nervos da ex-chefe do escritório da
Presidência em São Paulo.
Ela perdeu o emprego, as sinecuras da família, tem a vida devassada, não
recebeu das autoridades companheiras a atenção que considerava devida depois de
mais de 20 anos de convivência e, por isso, seria um perigo ambulante.
Fala-se isso com naturalidade no PT como se fosse argumento aceitável para
evitar que Rosemary vá ao Congresso explicar suas atividades.
Admite-se a convocação do ministro da Justiça, do advogado-geral da União,
mas aquela que fazia a ponte de negócios em troca de pequenos (ao que se saiba)
favores e esteve na comitiva presidencial em 17 viagens internacionais de Lula,
não pode ir. Teme-se o "despreparo" e o "destempero" da moça.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga, não vê motivo para tal
convocação e o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, considera uma "aberração" se
pensar em chamar o padrinho de Rosemary.
É de se perguntar por quê. A condição de ex-presidente não faz de ninguém
intocável. O Congresso não é uma masmorra, é Casa de representação popular, foro
ideal para esse tipo de questionamento.
Leia a íntegra em Avalista do silêncio
Veja também:
- Polícia investiga construção de porto particular no litoral de São Paulo (SP)
- Rose quis ajudar Genoino e médico de Lula