Via G1
Por Carolina Sanches e Waldson Souza
24.04.2013
São José apresenta superlotação e uma série de problemas estruturais.
Necrochorume contamina o solo e lençol freático do bairro do Trapiche.
Corpos enterrados de maneira inadequada diretamente no solo e em contato
direto com os lençóis freáticos, sepulturas violadas pela ação do
tempo, covas rasas com corpos e ossadas à mostra, restos de mortalhas,
caixões e corpos abandonados ao relento, coveiros trabalhando sem
equipamentos de proteção e a circulação livre de animais e pessoas são
apenas algumas das irregularidades ambientais e sanitárias encontradas
no maior cemitério público de Maceió, o São José, que fica no bairro do Trapiche.
Considerado um ambiente propício à contaminação, devido à falta de
critérios no manejo dos corpos enterrados, e diante da ausência de
cuidados com o espaço, o cemitério São José, que fica localizado em uma
área central da capital alagoana, com a presença de prédios residências e
comerciais nos arredores, coloca em risco à saúde da população e do
meio ambiente.
Os indícios da contaminação são visíveis aos olhos menos atentos e
constatados por estudos a exemplo da pesquisa "Avaliação da Contaminação
das Águas Subterrâneas por Atividade Cemiterial na Cidade de Maceió",
elaborada pela pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal),
Florilda Vieira da Silva, que localizou a presença de necrochorume,
substância tóxica produzida pela decomposição dos corpos, no lençol
freático do cemitério.
"A pesquisa localizou as bactérias ao analisar a água dos poços do
cemitério. Os indícios são fortes e já esperados devido ao procedimento
de enterramento e inumação que é adotado no São José. Como os corpos são
colocados direto na terra, era previsível que o necrochorume se
espalhasse. Ainda mais porque a região do Trapiche possui lençóis
freáticos muito próximo da superfície", relata a pesquisadora que é
mestre em Recursos Hídricos e Saneamento pela Ufal. Continua