Por FABIANO MAISONNAVE
03.11.2013
Em 2010, quando era professor de medicina na Universidade Cristã da Bolívia (Ucebol), o médico Ruben (nome fictício) recebeu a carta de um aluno brasileiro conhecido pelo apelido de Psicopata.
Ali estava escrito que o estudante havia tentado o suicídio no passado e que, caso Ruben o reprovasse pela terceira vez, seria o responsável pelo que viesse a ocorrer.
A ameaça não evitou um novo fracasso, mas, no ano seguinte, para surpresa do professor, o Psicopata estava na cerimônia de graduação.
"Não sei como se formou, mas é um perigo para quem cair em suas mãos", disse o médico à Folha.
Cansado do baixo nível dos alunos brasileiros --a grande maioria nas faculdades privadas da cidade-- e de irregularidades, que incluem compra de notas, Ruben abandonou a sala de aula.
Psicopata faz parte de uma verdadeira invasão de brasileiros nos cursos de medicina bolivianos. São cerca de 25 mil alunos em instituições do país vizinho, segundo a Embaixada da Bolívia no Brasil. Continua.