Via El País
Por Talita Bedinelli
13.09.2014
Maria das Neves Costa já passou noites acordada em filas, esperou cinco anos por um nefrologista e viu o marido morrer após aguardar quatro anos por uma consulta
Maria das Neves Costa, de 70 anos, se move em passos lentos até o sofá de sua casa no bairro de Guaianases, extremo leste da capital paulista. Diabética e com pouca visão, ela carrega desde criança uma ampla barriga d’água, sintoma da esquistossomose, uma doença causada por um parasita que aparece especialmente em áreas pobres.
Já sentada, ela começa a elencar sem dificuldade a série de problemas que enfrentou com a saúde pública brasileira. Só nos últimos anos, ela esperou 15 horas por uma internação acomodada em uma cadeira de rodas no corredor de um hospital; foi amarrada em uma maca num setor de internação superlotado e com poucos profissionais para evitar que não caísse da cama; esperou cinco anos para conseguir uma consulta com um nefrologista, mesmo após uma médica suspeitar de uma insuficiência renal crônica; e passou noites acordada em filas dentro de unidades de saúde para conseguir agendar consultas pela manhã.
Continua