quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Estou com medo do Metrô de São Paulo
Adelidia Chiarelli



De uns meses para cá, a temperatura em todos os carros do Metrô de São Paulo que eu entrei, cheios ou vazios, estava absurdamente baixa, deixando o ambiente muito, muito gelado. Insuportável. Um Inferno Gelado. Certo dia, e isso faz bem pouco tempo, pouquíssimo tempo, peguei o Metrô na Sé, fui até o Paraíso e, de lá, até a Estação Brigadeiro. Na volta, usei novamente o metrô. Há muito não sentia tanto frio. O que resultou dessa aventura? Uma sinusite. Uma sinusite muito forte, da qual ainda estou me recuperando. Tosse, muita tosse. Médico, antibiótico e desespero. Várias noites sem dormir, tamanha era a tosse. Duvido que as autoridades responsáveis pelo Metrô, pela cidade, pelo transporte público, pela saúde pública, têm ideia exata do que de fato está acontecendo conosco, os passageiros. Do absurdo, da violência a que estamos sendo submetidos. Ou será que estou enganada, senhores? A Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia recomenda que, em ambientes condicionados, a temperatura fique entre 21ºC e 23ºC*. Por quê? Para evitar choque térmico, para evitar que as pessoas fiquem gripadas, adoeçam. Para evitar que as pessoas morram, senhores. E, não se esqueçam, pessoas doentes também usam o Metrô, senhores. Há diversas estações localizadas nas proximidades de hospitais. Essa situação toda é muito perversa, abusiva e contraditória. Anualmente autoridades se empenham, insistem para que grupos de risco se vacinem contra a gripe. Enquanto isso, o meio de transporte fundamental para os cidadãos paulistanos virou um circo de horrores, com o usuário rogando aos céus  para que  o carro no qual vai entrar não esteja  tão gelado. Isso é injusto. É cruel. É aviltante. É humilhante. É inadmissível, senhores. Todos os dias vocês estão colocando em risco as nossas vidas. Repetindo: Todos os dias vocês estão colocando em risco as nossas vidas.
Algo precisa ser feito com extrema urgência para nos proteger dessa tamanha violência. Como se já não bastassem todas as violências às quais estamos submetidos cotidianamente. Como é que ficamos, senhores? Como é que ficamos?

Adelidia Chiarelli
www.tudoeespanto.blogspot.com.br


*Veja a matéria:
Diferença de temperatura entre metrô
de São Paulo e superfície chega a 12°C