segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Livros didáticos novos estão virando lixo e até papel higiênico em escolas do RS

Fantástico
08.12.2019

Aqui!




Esse texto foi publicado por mim aqui neste blog no dia 31.05.2010:


Reproduzo, abaixo, trecho de uma mensagem que enviei há pouco tempo a um grande amigo meu:

A cada segundo, a cada instante que passa me sinto mais uma outsider. Tudo o que vejo não me pertence. Tudo o que me pertence eu não vejo. 
Há cerca de uns dois anos estava eu percorrendo sebos, à procura de um livro da década de 1970. Uma árida procura. Aí, fui informada que em tal lugar encontraria o que procurava. Fui ao tal lugar. Depois de dois lances de escada, dei de cara com uma sala, onde uma pilha imensa de livros, no chão, me espreitava. E ela continuava aumentando. Dois garotos de uns 16 anos continuavam jogando livros na pilha. Disse o que queria. Eles me perguntaram em que ano o livro tinha sido lançado. Disse a década. Os dois riram muito e responderam, orgulhosos: “Aqui não trabalhamos com velharia!” Meio atordoada, disse que não estava procurando nenhum livro raro, que a década de 1970 tinha acabado de acontecer. Eles continuaram rindo e me disseram que para aquela pilha de livros que eu estava vendo estavam indo todos os livros com mais de cinco anos. Cinco anos! Mais atordoada ainda, perguntei o que fariam com aqueles livros. Com toda certeza, me responderam que iriam todos para o picote. E me parece que também - me parece porque bloqueei parte daquele momento -, disseram que seriam queimados. Como eu saí de lá? Chorando. Era um choro de indignação, de uma profunda impotência.

 Adelidia Chiarelli