quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O fim do otimismo verde

Via JC-email
27.10.2010


Ricos e pobres não se entendem mais uma vez. Agora, sobre a biodiversidade

Nagoia nunca foi tão parecida com Copenhague. A exemplo da Conferência sobre o Clima realizada na capital dinamarquesa em dezembro passado, a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica segue paralisada pelo impasse entre países ricos e em desenvolvimento.

O segundo grupo, que reúne o Brasil e outros detentores dos ecossistemas de maior biodiversidade, quer auxílio financeiro para a preservação. Outra demanda é o repasse de verbas de empresas que exploram recursos genéticos tropicais, como os grandes laboratórios farmacêuticos. As nações ricas, no entanto, consideram o pedido o mesmo que assinar um cheque branco, e resistem a pagamentos.

Analistas internacionais acreditam que mais um fracasso nas negociações diplomáticas ligadas ao meio ambiente encerrará a era de otimismo verde inaugurada na Rio 92, quando o clima e a biodiversidade entraram na agenda mundial.

Os países em desenvolvimento iniciaram a semana recusando-se a assumir compromissos com as metas delineadas para 2020 - que cobrem, entre outros itens, a proteção de florestas, recifes de corais e espécies de água doce.

As nações ricas propuseram na terça-feira (26/10) o repasse de US$ 4 bilhões para as florestas tropicais. A iniciativa, no entanto, ainda será avaliada.

As florestas tropicais são o centro das atenções. São elas as responsáveis por sugar da atmosfera uma parte significativa do gás carbônico, o principal responsável pelo efeito estufa. Além de frearem as mudanças climáticas, estes ecossistemas são, também, o lar de numerosas espécies.

Somente na Amazônia, 1.222 novas espécies foram catalogadas nos últimos 12 anos - registrou-se, portanto, uma descoberta a cada três dias, segundo relatório recém-divulgado pelo WWF.

- Nossas florestas precisam de uma ação imediata - pediu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que chefia a delegação brasileira em Nagoia.

Os ministros das nações participantes da cúpula concentram seus esforços na criação de uma parceria voluntária envolvendo 70 países. Aqueles que preservarem suas florestas e revitalizarem áreas devastadas seriam recompensados.

De acordo com um estudo publicado esta semana pela "Science", quase um quinto de todas as espécies conhecidas de vertebrados são hoje classificadas como "ameaçadas" pela União Mundial para a Conservação da Natureza. No entanto, as perdas seriam 20% maiores se não houvesse iniciativas para proteger determinadas espécies.

(O Globo, 27/10)

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