Pó
e
Ar
Poetar
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Tudo
é
Espanto
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Bom dia, pessoal!
Esse texto é para cada um de vocês.
O blog era para se chamar POETAR, uma poesia feita por mim na década de 1970, em homenagem ao poeta brasileiro Rubens Rodrigues Torres Filho. Como não consegui registrar o nome POETAR no blogspot, pois alguém já o fizera antes, dei o nome ao blog de Tudo é Espanto, uma outra poesia minha, bem mais recente, essa da década de 2000, feita em homenagem à Maria Aparecida Baccega, uma grande intelectual, que eu acabara de reencontrar numa reunião científica. Baccega foi uma das personagens da minha infância, na Vila Tibério, bairro de Ribeirão Preto, onde fui criada. Ela nos deixou em 2020.
Um blog que era para ser só de poesia, aos poucos foi mudando de direção e acabou se tornando um blog dos meus espantos. E como nessa terra chamada Brasil, vivemos sob asfixiantes espantos o tempo todo...
Desde o início sabia que, na parte interna do blog, existia um local onde eram mostrados os acessos que estavam sendo feitos. Mas durante muito tempo - muito mesmo! -, não ousei verificar. Tinha medo de travar e não conseguir postar mais nada. E fui levando.
Aí, num belo dia, cheia de coragem, resolvi verificar os acessos. Que susto. Que emoção. Muitas pessoas estavam entrando no blog, pessoas de inúmeros países. Como as pessoas tinham chegado até ali? Não fazia e não faço a menor ideia, pois nunca divulguei o blog.
E lá se vão 15 anos. No Brasil e no mundo, passamos por muitas coisas. Alegrias e tristezas. Muitas tristezas, infelizmente. Aí, de repente, uma pandemia nos assolou e, no Brasil, por irresponsabilidade de seres abjetos, foram ceifadas mais de 700.000 vidas. Milhares e milhares de vidas poderiam ter sido salvas. E não foram. E até hoje ninguém foi punido.
Até hoje também, vira e mexe, você vai procurar uma pessoa e fica sabendo que a Covid-19 a levou. Caso de duas pessoas de quem eu gostava muito, mesmo sem conhecê-las pessoalmente: Elaine Gaspareto, que mantinha um blog onde entrei diversas vezes, à procura de informações sobre informática. E Amélia Mikami Orikasa, do canal A Horta do Ditian, belo canal, hoje mantido por suas duas filhas adolescentes. A Covid-19 nos deixou uma tristeza profunda que nunca vai passar. Nunca. Da minha família foram levados Elisete Maria Dias Tavares e Antônio Tadeu Dias. Eles eram irmãos. Elisete e Toninho Tadeu eram meus primos. Continuam e continuarão vivos, para sempre, dentro do meu coração.
Nessa terra de tantos desmandos, de tanta irresponsabilidade, de tanta omissão, de tantos descompromissos, de tanta falta de memória, de tantas falcatruas, de tanta ladroagem, de tantos esquecimentos, onde o amanhã passou a ser apenas uma figura de linguagem, e o passado algo que jamais existiu, o que nos restou foi chorar os mortos e trabalhar, trabalhar muito, com afinco, para que novos pesadelos tão desesperadores jamais voltem a nos assombrar.
Agradeço a todos vocês que estão sempre aqui comigo. Além de vocês, quero agradecer também às pessoas sérias que povoam a internet e me dão a oportunidade de me informar e aprender. Que consigamos continuar nos encontrando pelo menos nos próximos 15 anos.
Com muito amor,
Adelidia Chiarelli
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