Por Maria Fernanda Rodrigues
15.08.2012
5.012 pessoas de 305 municípios foram ouvidas sobre seus hábitos de leitura
SÃO PAULO - Se os professores fossem também leitores e mediadores de leitura, se as famílias tivessem livros em casa e os pais costumassem lê-los na frente das crianças - e também para elas -, e se as bibliotecas fossem atrativas tanto na forma quanto no conteúdo, é possível que o Brasil ganhasse, enfim, a alcunha de um país de leitores, sonho acalentado e expressão repetida à exaustão por entidades do livro e representantes governamentais. Essa é, basicamente, a fórmula da socióloga Zoara Failla para a solução do problema. Ela é coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, apresentada em março, e organizadora de livro homônimo, lançado agora na Bienal do Livro.
A obra traz artigos de pesquisadores, escritores e de profissionais do governo, de entidades do livro e de organizações do terceiro setor acerca dos mais variados temas abordados no levantamento que ouviu, em 2011, 5.012 pessoas de 5 anos ou mais, moradoras de 315 municípios. Traz ainda os números da pesquisa e gráficos comparativos, apresentando um mapa do comportamento leitor brasileiro - o que lê, quando e onde lê, por que lê.
A análise feita agora dos dados possibilita traçar tendências, identificar políticas e ações que estão dando certo e sugerir novos caminhos. Entre os autores, estão a escritora Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras; Ísis Valéria Gomes, presidente da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil; a pesquisadora Marisa Lajolo; Tania Rösing, idealizadora da Jornada de Literatura de Passo Fundo, e muitos outros.
Desenvolver a habilidade leitora da criança não é tarefa fácil, mas é um dos objetivos da educação básica. Mais difícil é transformar essa criança que está aprendendo a juntar letrinhas num leitor crítico e num leitor que terá prazer em ler um livro de literatura - e que continuará buscando novas leituras quando sair da escola e não for mais obrigado a ler. Se o índice de leitura do brasileiro é de quatro livros por ano, como apontou a última pesquisa, quando excluímos as obras indicadas pela escola, ou seja, quando consideramos apenas a leitura espontânea, chega-se ao risível índice de pouco mais de um livro por ano. Segundo o Cerlalc, os colombianos leem 2,2 e os espanhóis, 10,3. CONTINUA!
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