domingo, 8 de junho de 2014

Esse estádio não é nosso

Via Pública
Por 
6 junho, 2014

Jorge Aldir, um dos mais conhecidos comentaristas esportivos de Natal, está entre os potiguares que não querem ver a Copa na Arena das Dunas. “Vamos passar 20 anos pagando o que não é nosso”, diz

29 de novembro 1972. Pelo menos 56 mil pessoas – a maior lotação já registrada no Estádio João Claudio de Vasconcelos Machado, o Machadão – assistem extasiadas Pelé jogando com a camisa do Santos contra o time da casa, o ABC futebol Clube, pelo Campeonato Brasileiro. Na torcida, Jorge Aldir Doudement, então com 14 anos, visitava Natal pela primeira vez para presenciar a partida. E vibrava ao ver o pernambucano Alberi Ferreira, que defendia o time da casa, roubar a cena e ser aplaudido de pé pela torcida, mesmo com a derrota do ABC por 2×0 para o adversário.

Hoje, 42 anos depois, Aldir contabiliza 38 anos como comentarista esportivo, sendo 23 somente nas rádios da capital potiguar. E incontáveis transmissões de jogos no antigo Machadão, cenário dos primeiros gols de grandes jogadores como Souza, Bebeto e Marinho Chagas. Partidas eternizadas em sua memória sempre do mesmo ponto de vista: as cabines de transmissão localizadas entre a arquibancada e as cadeiras cativas. Uma visão que se perdeu com a queda do tradicional Machadão, substituído pela Arena das Dunas, a arena multiuso que será palco de quatro dos 64 jogos da Copa do Mundo FIFA 2014.

“Meu pensamento é o da maioria dos potiguares: destruíram história, um patrimônio. Vamos passar 20 anos pagando por um estádio que não é nosso”, afirma Aldir, que já realizou 15 transmissões de jogos na Arena desde a sua inauguração. Em uma delas, o comentarista que o acompanha, Exmar Tavares, narrou o jogo segurando um guarda-chuva, e o técnico da equipe precisou proteger o equipamento, avaliado em R$ 25 mil, com uma maleta para não ser atingido pela água da chuva que invadia a sala de imprensa.

Continua!