sábado, 16 de maio de 2015

Mário de Andrade, Rachel de Queiroz e Mary Pedrosa cantam para Lorenzo Turner

IEB na Imprensa
18.04.2015


Fotografias feitas por Mário de Andrade, em 1928: "Catolé do Rocha" (esq.) e " Catolé do Rocha / Paraíba / Convento" (dir.). (Legendas do autor). (Montagem Dif. Cultural, IEB/USP) (Arquivo IEB/USP)    (crédito: Difusão Cultural - IEB/USP)

 


Uma ação combinada entre pesquisadores de universidades do Brasil e dos Estados Unidos (Indiana Bloomington) recupera para conhecimento e estudo registros fonográficos feitos em 1940, no Rio de Janeiro, onde Mário de Andrade, Rachel de Queiroz e Mary Pedrosa cantam seis canções para o linguista norte-americano, Lorenzo Turner.
 
Após 70 anos da morte de Mário de Andrade (1893/1945), pode-se escutar a voz do escritor e musicólogo paulista, registro colocado à disposição da entidade pelo Archives for Traditional Music da Universidade de Indiana (Bloomington, Estados Unidos). A gravação, de 1940, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro pelo linguista afro-americano Lorenzo Dow Turner (1890-1972), que estudou o dialeto Gullah (Geórgia, Estados Unidos). Recém localizado pelo musicólogo Xavier Vatin e trazido para o Brasil para análise e identificação com a colaboração do musicólogo Carlos Sandroni, o disco traz 5 melodias na face A: Aribu, cantada por Rachel de Queiroz, proveniente do Ceará; Zunzum, cantada por Mário de Andrade e Mary (Houston) Pedrosa, peça do final do século XVIII, usada nas rodas de bebida, originária de Minas Gerais; Tava muito doentim, cantada por Rachel de Queiroz, colhida por Ascenso Ferreira e Mestre Rozendo, em Pernambuco; Deus lhe pague a santa esmola, cantiga de mendigos colhida por Mário de Andrade em Catolé do Rocha, no interior da Paraíba e Toca zumba, cantada por Mário de Andrade, composta por Gomes Cardim, após a Abolição da escravatura. Na face B, os três cantores conversam sobre as melodias cantadas e Rachel de Queiroz canta Meu irmão me dê uma esmola além de se escutar as vozes de outros dois personagens, Mário Pedrosa e Pedro Nava. De fato, era muito difícil avaliar naquele momento quão célebres se tornariam aqueles informantes.
 
Flávia Toni
Instituto de Estudos Brasileiros - IEB USP