segunda-feira, 30 de abril de 2012

Belo Monte e Rio+20 , por Telma Monteiro

Via blog Telma Monteiro/Ecodebate
27.04.2012


Obra de Belo Monte

Foto: Greenpeace


 
Versão em português da entrevista sobre Belo Monte e a Rio+20 concedida ao jornalista Mauro Villone, do jornal La Stampa, Itália.


Mauro Villone: Qual é a situação real atual do projeto da barragem? A que ponto estão os trabalhos?

Telma Monteiro: Belo Monte já é uma grande cicatriz sangrando na Amazônia. As obras já vão avançadas invadindo o leito do rio Xingu e imagens mostram árvores inteiras e fragmentos de vegetação sendo arrastados pela correnteza, o rio turvo tingido pela terra removida das margens. Neste momento estão sendo construidas as ensecadeiras que permitirão secar uma parte dor rio para fazer a barragem. Também estão sendo feitas as escavações na rocha para abrir 20 quilômetros de canais que vão desviar grande parte das águas do Xingu para um reservatório artificial. Ás águas desse reservatório artificial, contidas por dezenas de diques no meio da floresta, vão fazer funcionar as turbinas da casa de força principal. Este momento das obras é devastador para o rio que sofre com as interferências no seu fluxo. É agora que as grandes máquinas escavadeiras revolvem a terra para construir uma espécie de passagem dentro do rio Xingu; é quando as árvores são derrubadas para dar lugar à destruição com sérias consequências para a fauna e a flora. Outra grande interferência diz respeito ao que chamam de "bota fora" ou seja, todo o material que é escavado, terra e pedras, têm que ser depositados em algum lugar na região; o trânsito de caminhões e a poluição aumentam os riscos para aqueles que moram nas comunidades próximas. Neste momento a face da Volta Grande do Xingu está sendo alterada para sempre. Continua