JC e-mail 4775, de 24 de Julho de 2013.
Doação para o SUS e valor da mensalidade serão critérios para abertura de cursos de Medicina
Mercadante
diz que primeira fase de autorização para criação dos cursos será projeto
pedagógico
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou nesta
terça-feira que o preço das mensalidades e a disposição de fazer investimentos
no SUS serão critérios de seleção para definir os vencedores dos editais de
criação de cursos de Medicina no Brasil.
No dia 16 de agosto, o MEC colocará para consulta pública o
pré-edital da disputa, indicando os municípios onde permitirá a criação de
faculdades de Medicina. O primeiro edital deverá ser lançado em setembro.
Faculdades particulares poderão apresentar propostas.
Inicialmente, o MEC analisará questões técnicas, como o projeto pedagógico, o
corpo docente e a infraestrutura. Depois serão analisados fatores como o preço
da mensalidade e o valor que a instituição está disposta a investir no SUS.
Segundo Mercadante, a primeira fase da seleção é para garantir a
qualidade dos novos cursos. Já a segunda etapa, afirmou o ministro, tem objetivo
de garantir que as novas faculdades contribuam para o SUS, pois os estudantes
costumam fazer a parte prática do curso em hospitais da rede pública. Uma das
exigências do MEC para permitir novas faculdade é que existam no município pelo
menos cinco leitos do SUS para cada estudante de Medicina.
A meta é criar 11.447 vagas até 2017, das quais 7.832 em
instituições privadas. Essas vagas deverão ser criadas em 60 municípios.
CFM diz que medidas são "equívoco na sua
essência"
O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos
Vital, avaliou que as medidas anunciadas pelo MEC são um "equívoco na sua
essência". Segundo ele, o Brasil já possui um número suficiente de médicos e não
há necessidade de mais vagas. Na avaliação de Vital, isso levará a uma oferta
exagerada de vagas.
- Hoje o número disponível de vagas já é mais que suficiente para
a projeção do crescimento demográfico (da população brasileira) - afirmou Carlos
Vital, acrescentando: - É uma irresponsabilidade (o governo) abrir vagas nos
cursos médicos, quando deveria qualificar a formação profissional.
Ele também criticou os critérios para a abertura de vagas no
ensino superior privado, rechaçando o que vê como um balcão de negócios.
- Não seria uma questão de custo, mas de condições necessárias
para o ensino médico. Quando faço isso é como um balcão de negócio, onde quem
oferece menor preço vai ter a preferência. O custo é relativo. Posso ter algo de
alto custo e baixa qualidade. Mas posso ter algo de custo maior e boa qualidade.
Não posso colocar o custo como critério para seleção.
(Demétrio Weber e André de Souza, O Globo)
http://oglobo.globo.com/educacao/doacao-para-sus-valor-da-mensalidade-serao-criterios-para-abertura-de-cursos-de-medicina-9152559
Veja também:
Aumentar a graduação em medicina é resposta para o SUS? -
Artigo de Helena Bonciani Nader publicado no Correio Braziliense de 18 de
julho
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88284