domingo, 26 de julho de 2015

‘Primitivos’ nos dizem o que devemos fazer - Washington Novaes

EnvolVerde
17.07.2015

Por Washington Novaes

No momento em que voltaram à tona discussões no Congresso sobre o Marco Legal da Biodiversidade – com restrições feitas pelos que o viram como prejudicial às comunidades tradicionais e indígenas, que deixariam de receber pagamento de empresas e instituições que utilizem seus conhecimentos tradicionais –, estudo das Universidades Stanford, Princeton e California (Yahoo, 25/6) indica que está ocorrendo a sexta extinção em massa de espécies da biodiversidade – considerada a maior riqueza do planeta. A taxa de extinção é cem vezes maior do que em qualquer outro período. E seria alimentada pelo desmatamento, por mudanças climáticas e pela poluição. Só na área dos animais, por exemplo, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) diz que 41% das espécies de anfíbios e 21% das de mamíferos já estão ameaçadas pela extinção.

Não por acaso, estão vindo a público, nesta hora, livros importantes para a tomada de consciência da sociedade a respeito do problema. A Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés, por exemplo, documenta em 500 páginas, compiladas durante anos por cinco xamãs nascidos no Brasil e no Peru, a rica biodiversidade de suas áreas e as valiosas possibilidades na medicina tradicional. O texto detalha como cada espécie na área oferece recursos para enfrentar a variedade de doenças. Mas só em língua nativa, “para garantir que o conhecimento medicinal” não seja roubado “por empresas ou pesquisadores”, como já aconteceu. E não haverá uma tradução. A compilação foi também uma das formas de atrair a atenção de jovens que resistiam a processos tradicionais de formação de xamãs, que levam anos e exigem muitas abstinências e sacrifícios. É um texto que ensina, ainda, como reconhecer cada doença por seus sintomas, que plantas usar, como preparar o medicamento. E ainda tem uma fotografia de cada uma.

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