segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vergonha
Por Marcos Rolim

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Marcos Rolim (Meu artigo em Zero Hora deste domingo)


Em 2000, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal realizou seis Caravanas Nacionais para inspeção nas chamadas “Instituições Totais” (Goffman). A primeira delas visitou manicômios em vários estados brasileiros. Como parte deste trabalho, estive no município de Paracambi (RJ), para uma inspeção à “Casa de Saúde Dr. Eiras”, que tinha aproximadamente 1.500 internos, a maioria deles formada por pacientes crônicos. Nem todos eram doentes mentais. Encontramos também sindrômicos, surdos e pessoas que estavam ali por evidente situação de abandono social. Na clínica Dr. Eiras, o maior manicômio privado brasileiro, os pacientes passavam a maior parte do tempo perambulando pelos pátios sem qualquer tipo de atividade. Presenciamos uma cena de banho coletivo em espaço aberto com cerca de 80 internos. Alguns ocupavam os chuveiros, outros aguardavam nus a sua vez, enquanto os molhados esperavam por uma toalha. A abordagem era coletiva, como se estivéssemos diante de uma manada, não de pessoas.

Continua.