terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Não adianta chorar

Via Estadão
Por Lúcia Guimarães
17.12.2012

NOVA YORK - O governo americano não permitiria que nenhuma das 20 crianças executadas por Adam Lanza na sexta-feira, em Connecticut, viajasse num automóvel sem um assento infantil especial.

Se alguma daquelas crianças martirizadas na sala de aula morasse no meu apartamento, eu teria que comunicar ao governo para que o edifício instalasse grades de proteção na janela.

Duas semanas antes de ter seus corpos perfurados pelas balas de uma arma automática que os soldados americanos usam no Afeganistão, as mesmas vítimas tinham sido resguardadas pelo novo Ato de Proteção à Criança, uma lei que dá 20 anos de cadeia para quem for encontrado com material pornográfico envolvendo menores de 12 anos.

Um dos senadores que patrocinou a passagem da lei é o texano John Cornyn. O mesmo republicano que votou a favor da permissão para passageiros levarem armas de fogo na bagagem a bordo de trens e recebeu a nota máxima, "A", da NRA, a National Rifle Association.

Em Washington, 244 dos 435 deputados que ocupam o Congresso aceitaram doações da NRA este ano. Entre os que não receberam dinheiro diretamente do poderoso lobby das armas de fogo, quantos fariam o que fez Victoria Soto, a professora de 27 anos que escondeu seus alunos num closet? As últimas palavras de Victoria foram dirigidas a Adam Lanza. Ela mentiu sobre a localização das crianças antes de ser executada. Continua.