segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Levantamento mostra relação entre médicos e indústria

Via Agênia USP de Notícias
Por Júlio Bernardes - jubern@usp.br
13.02.2014

No Brasil, é incipiente o debate sobre os valores éticos que permeiam o setor

Pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com 300 médicos que assistem pacientes com o vírus HIV no Estado de São Paulo revela que 64% desses profissionais de saúde tiveram alguma relação com empresas farmacêuticas. O estudo do professor Mário Scheffer analisou a interação entre médicos e empresas produtoras de medicamentos antirretrovirais (ARVs) no contexto de uma política pública universal de tratamento do HIV e da aids. O pesquisador defende maior divulgação das diretrizes clínicas do Ministério da Saúde para orientar os médicos de forma mais adequada na escolha dos medicamentos.

O trabalho é descrito em artigo publicado na revista São Paulo Medical Journal, editada pela Associação Paulista de Medicina. Foram realizadas entrevistas estruturadas, por meio telefônico, em amostra probabilística de 300 médicos de uma população de 2.361 profissionais que assistem pacientes com HIV e aids no Estado de São Paulo. “Aproximadamente 218.000 pessoas estavam em tratamento com ARVs na rede pública de saúde no Brasil no final de 2013 e, em média, são identificados 38.000 novos casos de infecção pelo HIV por ano, o que gera aumento progressivo do número de pessoas que passarão a receber ARVs”, afirma o professor do Departamento de Medicina Preventiva. “Em 2013 foi lançada nova política que prevê a antecipação do tratamento. Calcula-se que pelo menos mais 100.000 pacientes iniciem tratamento.”

De acordo com Scheffer, o programa público brasileiro de tratamento da aids deve considerar o potencial de influência das empresas farmacêuticas na prescrição dos médicos. “Isto é ainda mais necessário em um momento de ampliação do uso de antirretrovirais, com a política de antecipação do tratamento para todos as pessoas diagnosticadas HIV-positivas e diante do potencial uso dos medicamentos na prevenção (profilaxia pré e pós exposição)”, ressalta.


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