terça-feira, 29 de julho de 2014
Macacos que vivem próximo a Fukushima apresentam anomalias no sangue
JC e-mail 4999, de 28 de julho de 2014
Macacos que vivem próximo a Fukushima apresentam anomalias no sangue
Animais têm níveis de glóbulos brancos e vermelhos abaixo do normal, além da presença de césio no organismo
Cientistas encontraram anomalias no sangue de macacos que vivem perto do local onde foi registrado o acidente nuclear de Fukushima, em 2011, no Japão. Os animais apresentaram níveis de glóbulos brancos e vermelhos abaixo do normal, além da presença de césio em seus organismos, o que poderia torná-los mais suscetíveis à doenças.
Os dados foram revelados em um novo estudo publicado pela revista "Scientific Reports", que procurou sinais de exposição à radiação em 61 macacos que vivem em uma distância de 70 quilômetros da usina nuclear de Fukushima Daiichi.
A usina sofreu um colapso em março de 2011, quando foi atingida por um tsunami, liberando quantidades substanciais de materiais nucleares na área. Na ocasião, cerca de 300 mil pessoas precisaram deixar suas casas. O caso é considerado o segundo maior acidente nuclear, após o desastre de Chernobyl em 1986.
Os relatórios dos pesquisadores sugerem que o césio nos corpos dos macacos é consequência da dieta de inverno dos macacos, que se alimentam de brotos de árvores e cascas - agora contaminadas.
Os resultados dos testes feitos com 61 animais na região de Fukushima foram comparados com 31 macacos que vivem na Península Shimokita, a 400 quilômetros de distância. Nenhum deles mostrou sinais de césio em seus corpos.
Cientistas disseram, entretanto, que mais pesquisas serão necessárias para confirmar se as alterações no sangue dos macacos foram, de fato, causadas pela radiação da usina nuclear.
Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", o professor Jim Smith, da Universidade de Portsmouth se disse céptico em relação aos resultados. Segundo ele, os níveis de césio encontrados nos macacos de Fukushima são praticamente os mesmos que os encontrados em ovinos em algumas partes do Reino Unido, após o acidente de Chernobyl, ou seja, extremamente baixos em termos de danos aos próprios animais.
"Acho que é muito mais provável que a contagem de células do sangue aparentemente baixa esteja ligada a algo diferente de radiação", disse o professor Smith.
(O Globo)
http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/macacos-que-vivem-proximo-fukushima-apresentam-anomalias-no-sangue-13394758