José Sámano Rio de Janeiro
08.07.2014
A devastadora surra da Alemanha no Brasil dá ares de molecagem à afronta de 1950
O futebol nunca será o mesmo depois de uma noite em Belo Horizonte na qual aconteceu o maior cataclismo desde que a bola rola, há mais de um século. Jamais houve nada igual, nem parecido. O Maracanazo foi uma brincadeira ao lado do 1-7 sofrido pelo Brasil diante de uma Alemanha que o fez morrer de uma overdose de realidade, que o deixou maculado pelo resto da vida pelo seu empenho em dar as costas a uma bola que sempre foi o maior motivo de orgulho de sua gente. O Brasil quis ser o que nunca foi e acabou por deixar todo um país em estado de choque, petrificado, com o coração sem bater.
O vivido pelo Brasil 64 anos depois do Maracanazo foi ainda mais mortificante. Um trauma para o resto da vida de tal magnitude que aquela afronta do Uruguai já não terá relevância alguma. Comparado à barafunda alemã em Belo Horizonte, resultará em um tropeço qualquer, uma molecagem, por muita liturgia que tivesse. O que aconteceu em Belo Horizonte será difícil de explicar, exigirá roteiristas de primeira e um pelotão de psicólogos, psiquiatras, sociólogos e quantos quiserem se somar a uma cátedra que promete. O ultraje da Alemanha estremeceu todo o Brasil, que esta vez tem muitos Barbosas a condenar por um cataclismo histórico, com Luiz Felipe Scolari e muitos de seus dirigentes à frente. Vai ter de ganhar muito para que em algum século futuro a torcida encontre consolo. A seleção Canarinho não perdeu uma semifinal, padeceu um calvário descomunal, uma hecatombe absoluta. Perder é outra coisa.
Continua!
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