Por Fabíola Ortiz
17.07.2014
As ruas sem pavimentação e saneamento vivem esburacadas e enlameadas pela água suja que escorre dos canos das casas, muitas delas de madeira podre ou de alvenaria improvisada. O bairro é cercado por cinco siderúrgicas, fica à margem da ferrovia por onde passa o ferro extraído na mina de Carajás, no Pará, e é cortado pela Rodovia BR-222.
“Aqui é um lugar esquecido. Ninguém investe em nada. Sempre vi a luta de meu pai por melhorias e, como nasci e me criei aqui, entendo as aflições do nosso povo. São pessoas muito carentes”, diz Josikelly Alves de Oliveira dos Santos, de 31 anos. Ela é uma das filhas de Angelita, moradora citada na primeira reportagem desta série especial sobre Piquiá de Baixo. A família de Angelita é conhecida na região por ser a única que teve condições de cursar ensino superior. Josi, como é conhecida, estudou junto com seus irmãos na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em Imperatriz.
Desde 2008, ela atua como agente de saúde da Unidade Básica de Piquiá e se divide com mais um colega para dar conta de todas as famílias do povoado. Só ela é responsável por orientar mais de 150 famílias sobre como cuidar da higiene e prevenir os malefícios causados pela poluição, especialmente a do ar. “Visitamos as famílias e damos orientações. As crianças aqui gripam muito fácil, é uma gripe que não passa. Elas tomam medicação continuamente”, explica Josi.
Problemas de saúde
Entre as queixas mais recorrentes da população acostumada a respirar pó de ferro estão problemas respiratórios, como falta de ar, cansaço, falta de fôlego e coração acelerado. Na tentativa de minimizar um pouco os efeitos da contaminação na comunidade, os agentes de saúde orientam que seus moradores evitem tomar banho no rio e em brejos e não andem descalços no chão. O cuidado com a higiene pessoal também é estimulado, como lavar a mão muitas vezes ao dia, tomar pelo menos quatro banhos, forrar os telhados, limpar diariamente a casa e manter janelas e portas trancadas.