domingo, 6 de março de 2016
Pesquisa investiga discriminação nos serviços
de saúde do Brasil
Agência Fiocruz de Notícias
Graça Portela (Icict/Fiocruz)
04.03.2016
Um artigo, publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva, da Abrasco, publicada em fevereiro/2016, abordou um tema "pouquíssimo estudado e de extrema relevância para a população brasileira", segundo um de seus autores, Cristiano Boccolini, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde (Lis), do Icict.
Intitulado Fatores associados à discriminação percebida nos serviços de saúde do Brasil, o artigo é resultado do estudo epidemiológico de base populacional com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Para 10,5% dos brasileiros, médicos ou profissionais de saúde os discriminam nos atendimentos, seja por "falta de dinheiro" (5,7%) ou por classe social (5,6%), as duas maiores incidências.
Segundo Cristiano Boccolini, essa discriminação não pode ser menosprezada: "O cidadão que se sente discriminado por médicos ou outros profissionais nos serviços de saúde pode ter impactos negativos na sua saúde mental e física, incluindo estresse emocional e sintomas depressivos, sendo que os mecanismos envolvidos podem estar tanto relacionados ao crescimento do nível de estresse, e consequente aumento de cortisol", explica.
O estudo aponta que as mulheres, indivíduos com ensino fundamental incompleto, não brancos, e sem plano de saúde privado tiveram maior chance de serem discriminados quando atendidos no sistema de saúde. E isto se reflete no acesso: "A discriminação também pode representar uma barreira de acesso aos serviços de saúde, levando tanto a subutilização dos serviços de saúde, quanto a baixa adesão às recomendações do profissional de saúde", afirma Boccolini.
Exemplos de discriminação não faltam. Elenice do Rosário tem um plano de saúde modesto, destes que não tem propaganda na televisão nem nos jornais. Em dezembro do ano passado, ela e sua mãe levaram sua avó de 96 anos, que não estava passando bem, a uma clínica particular, em Bento Ribeiro (zona norte da cidade do Rio de Janeiro/RJ)). Segundo Elenice, a médica que atendeu a sua avó que ela necessitava de hemodiálise, mas que "não passaria nenhum remédio, pois o único que seria possível, custava mais de R$ 300,00 e elas não poderiam pagar". Em choque, ela e sua mãe discutiram com a médica e conseguiram que a profissional, enfim, receitasse o medicamento para a idosa.
Continua.
Graça Portela (Icict/Fiocruz)
04.03.2016
Um artigo, publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva, da Abrasco, publicada em fevereiro/2016, abordou um tema "pouquíssimo estudado e de extrema relevância para a população brasileira", segundo um de seus autores, Cristiano Boccolini, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde (Lis), do Icict.
Intitulado Fatores associados à discriminação percebida nos serviços de saúde do Brasil, o artigo é resultado do estudo epidemiológico de base populacional com dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Para 10,5% dos brasileiros, médicos ou profissionais de saúde os discriminam nos atendimentos, seja por "falta de dinheiro" (5,7%) ou por classe social (5,6%), as duas maiores incidências.
Segundo Cristiano Boccolini, essa discriminação não pode ser menosprezada: "O cidadão que se sente discriminado por médicos ou outros profissionais nos serviços de saúde pode ter impactos negativos na sua saúde mental e física, incluindo estresse emocional e sintomas depressivos, sendo que os mecanismos envolvidos podem estar tanto relacionados ao crescimento do nível de estresse, e consequente aumento de cortisol", explica.
O estudo aponta que as mulheres, indivíduos com ensino fundamental incompleto, não brancos, e sem plano de saúde privado tiveram maior chance de serem discriminados quando atendidos no sistema de saúde. E isto se reflete no acesso: "A discriminação também pode representar uma barreira de acesso aos serviços de saúde, levando tanto a subutilização dos serviços de saúde, quanto a baixa adesão às recomendações do profissional de saúde", afirma Boccolini.
Exemplos de discriminação não faltam. Elenice do Rosário tem um plano de saúde modesto, destes que não tem propaganda na televisão nem nos jornais. Em dezembro do ano passado, ela e sua mãe levaram sua avó de 96 anos, que não estava passando bem, a uma clínica particular, em Bento Ribeiro (zona norte da cidade do Rio de Janeiro/RJ)). Segundo Elenice, a médica que atendeu a sua avó que ela necessitava de hemodiálise, mas que "não passaria nenhum remédio, pois o único que seria possível, custava mais de R$ 300,00 e elas não poderiam pagar". Em choque, ela e sua mãe discutiram com a médica e conseguiram que a profissional, enfim, receitasse o medicamento para a idosa.
Continua.