quinta-feira, 7 de abril de 2016
Cadê os mortos da fosfoetanolamina?
JC-Notícias/SBPC
06.04.2016
Artigo de Roxana Tabakman para o Observatório da Imprensa
A história já é conhecida por todos. A pílula “milagrosa” contra o câncer era distribuída inexplicavelmente pela nossa melhor universidade, a loucura um dia parou, as pessoas choraram em frente às câmeras e logo seus promotores conseguiram apoio de juízes e políticos ineptos. Diante da repercussão, os ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação e Saúde acharam dinheiro que ninguém sabia que tinham e estão promovendo pesquisas. A parte da sociedade que está bem informada já compartilha os primeiros resultados.
A fosfoetanolamina não cura: as primeiras evidências mostram não apenas que não funciona, como provavelmente aumentaria os processos tumorais. E nem sequer é fosfoetanolamina, acrescentam os relatórios. As cápsulas que se distribuem contêm apenas 32% de essa substância e o resto são outros ingredientes. Como se à República faltassem problemas e a Anvisa não existisse, o último capítulo desta nefasta história é um projeto de lei que prevê a livre produção e comercialização da substância. Ou seja, a decisão de o que fazer com os pacientes com câncer aguarda agora o posicionamento da presidente Dilma.
Nesta questão dolorosa, a população está unida pela sensação de vergonha. Mas ao repassar os comentários dos leitores, as matérias, os vídeos e os posts, fica claro que essa sensação não acomete a todos pelas mesmas causas. Uma parte dos brasileiros está chocada pela postura de líderes e governantes que, apesar das evidências em contrário, ainda defendem a pílula como fonte de esperança. Outros, pelo contrário, ainda acreditam nos seus impulsores e veem no assunto toda uma conspiração da indústria farmacêutica internacional.
Depois de seguir durante meses o assunto na mídia, abrigo a sensação de que, de maneira geral, a imprensa entende bem a situação científica e informa corretamente, porem está fazendo algo errado. Se o objetivo é tirar dos enganados a bolha de esperança que lhes turva a visão, não tenho certeza de que o esteja conseguindo.
Continua.
06.04.2016
Artigo de Roxana Tabakman para o Observatório da Imprensa
A história já é conhecida por todos. A pílula “milagrosa” contra o câncer era distribuída inexplicavelmente pela nossa melhor universidade, a loucura um dia parou, as pessoas choraram em frente às câmeras e logo seus promotores conseguiram apoio de juízes e políticos ineptos. Diante da repercussão, os ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação e Saúde acharam dinheiro que ninguém sabia que tinham e estão promovendo pesquisas. A parte da sociedade que está bem informada já compartilha os primeiros resultados.
A fosfoetanolamina não cura: as primeiras evidências mostram não apenas que não funciona, como provavelmente aumentaria os processos tumorais. E nem sequer é fosfoetanolamina, acrescentam os relatórios. As cápsulas que se distribuem contêm apenas 32% de essa substância e o resto são outros ingredientes. Como se à República faltassem problemas e a Anvisa não existisse, o último capítulo desta nefasta história é um projeto de lei que prevê a livre produção e comercialização da substância. Ou seja, a decisão de o que fazer com os pacientes com câncer aguarda agora o posicionamento da presidente Dilma.
Nesta questão dolorosa, a população está unida pela sensação de vergonha. Mas ao repassar os comentários dos leitores, as matérias, os vídeos e os posts, fica claro que essa sensação não acomete a todos pelas mesmas causas. Uma parte dos brasileiros está chocada pela postura de líderes e governantes que, apesar das evidências em contrário, ainda defendem a pílula como fonte de esperança. Outros, pelo contrário, ainda acreditam nos seus impulsores e veem no assunto toda uma conspiração da indústria farmacêutica internacional.
Depois de seguir durante meses o assunto na mídia, abrigo a sensação de que, de maneira geral, a imprensa entende bem a situação científica e informa corretamente, porem está fazendo algo errado. Se o objetivo é tirar dos enganados a bolha de esperança que lhes turva a visão, não tenho certeza de que o esteja conseguindo.
Continua.