quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O mundo não pertence aos humanos

Via O ECO - Suzana M. Pádua - 17.02.2009


O mundo acaba de perder um ecólogo da mais alta categoria. A linha filosófica de Arne Naess (1912 - 2009), pouco divulgada no Brasil, influenciou pensadores em toda parte e lançou um movimento conhecido como “ecologia profunda”. Norueguês de nascença, Naess sempre se mostrou inconformado com a maneira com a qual o planeta tem sido tratado e defendeu a necessidade de uma nova consciência ecológica. Campos diversos do conhecimento e de atuação precisam se preocupar com valores que transformem a visão do ser humano, de modo que a vida seja apreciada por seu valor intrínseco.

Sua personalidade parece ter sido versátil. Naess ficou conhecido por se embrenhar em longas caminhadas e escaladas, nas quais exercitava mente e corpo. Foi nas altas montanhas da Noruega que desenvolveu sua apreciação às fontes da natureza que suprem as necessidades vitais humanas, percebendo a urgência destas serem valoradas para que passem a ser melhor protegidas. Mesmo nascido em família abastada, deu exemplo de simplicidade e de coerência entre sua linha de pensamento e sua forma de vida. Tornou-se critico de como os países ricos gastam recursos sem se aterem à sustentabilidade.

A distinção entre “ecologia profunda” e o que ele considera “ecologia superficial” vem de uma postura na qual os indivíduos percebem sua existência como parte do mundo natural. A “superficial”, ou aquela que normalmente se emprega sem maiores definições, cuida das conseqüências como poluição, esgotamento de recursos naturais, desaparecimento de espécies, entre outros, enquanto a “profunda” mergulha nas causas. Responsabiliza a primeira visão, dominante, ao primeiro mundo, que persiste na crença de que tecnologia e crescimento econômico indiscriminado são capazes de resolver os impactos causados pelo modelo de desenvolvimento por eles escolhido. Continua

Foto de Arne Naess, por Frode Jenssen.
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