
Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente esqueceu, morrendo tuberculosa.
Estes episódios marcaram para sempre e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres. Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Continua
Sobre Heloneida Studart (I) ,
que faleceu no dia 3 de dezembro de 2007.
Sobre Heloneida Studart (II)
O texto O poder desarmado, aqui apresentado, foi publicado no Jornal do Brasil, em 2001. Em muitos locais, ele consta como sendo de autoria da cantora Rita Lee, o que não está correto. Talvez o equívoco se deva à citação final feita por Heloneida Studart.