sábado, 23 de março de 2013

Biblioteca Brasiliana Mindlin inaugura com exposições

Via Agência FAPESP
Por Frances Jones
22.03.2013

Edifício que abriga a coleção – com mais de 32 mil títulos de autores brasileiros ou sobre o Brasil – formada pelo casal Guita e José Mindlin será inaugurado no sábado. Atendimento ao público começa no dia 2 de abril (foto:Ricardo Amado)


Agência FAPESP – Um novo capítulo da história da biblioteca formada pelo casal Guita e José Mindlin começa a ser escrito a partir deste sábado (23/03), com a abertura para o público do edifício que agora abriga os mais de 32 mil títulos da coleção brasiliana doados em 2006 pelo bibliófilo e empresário à Universidade de São Paulo (USP).

Autoridades e cerca de 500 convidados haviam confirmado presença para o evento que marca a inauguração da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, em um edifício moderno de 20 mil metros quadrados dentro da Cidade Universitária, em São Paulo, projetado pelos arquitetos Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb (neto do casal), com assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.

A partir do dia 25 de março, o público poderá conferir a exposição permanente Não faço nada sem alegria – lema do ex libris da biblioteca –, com painéis incluindo imagens, textos e vídeos sobre a vida do casal, a formação da biblioteca, a construção do edifício, a cultura, a materialidade e a conservação do livro, a história da imprensa e o prazer da leitura.

“A exposição de longa duração foi pensada junto com a arquitetura do edifício; há, por exemplo, imagens de Mindlin lendo trechos de poemas ou do Grande Sertão Veredas”, disse Pedro Puntoni, diretor da biblioteca e coordenador do Projeto Brasiliana USP.

Uma segunda exposição, de curta duração, prevista para seguir até o dia 28 de junho, apresentará os cem livros e documentos mais valiosos, importantes e significativos da Biblioteca Mindlin, devidamente protegidos em vitrines de vidro e metal.

Obras originais de autores como o viajante alemão Hans Staden (1525-1579), o pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o empresário português Gabriel Soares de Sousa (1540-1591) e os escritores brasileiros João Guimarães Rosa (1908-1967) e Graciliano Ramos (1892-1953) integrarão essa mostra, que inclui ainda 12 iPads, para que os visitantes folheiem virtualmente alguns dos livros expostos – que também estão disponíveis, digitalizados, no site da biblioteca.

Digitalização do acervo

Parte da biblioteca que é inaugurada agora – aproximadamente 3,5 mil títulos – está disponível para download no site da instituição, que é um órgão da Pró-Reitoria e Extensão da USP.

“Temos mais títulos digitalizados, mas estamos colocando aos poucos [no site], porque o maior trabalho não tem sido a digitalização e sim os metadados, a catalogação, a preparação”, afirmou Puntoni, professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

O projeto de digitalização da Brasiliana Mindlin, considerada a mais importante coleção do gênero formada por um particular, contou no seu início com apoio da FAPESP, que, segundo o diretor, foi importante para a montagem do laboratório de digitalização e a criação do site.

“A pesquisa apoiada pela FAPESP resultou também na definição de uma plataforma para a digitalização de livros raros e documentos de acervos memoriais”, disse Puntoni.

Várias outras instituições culturais, como a Biblioteca Mário de Andrade, o Instituto Moreira Salles, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Arquivo Público do Estado de São Paulo, também estão usando ou em vias de usar esse produto desenvolvido com o apoio da FAPESP, a Plataforma Corisco, que é ao mesmo tempo um software, uma política e um conjunto de regras e procedimentos.

De acordo com Puntoni, o projeto da Brasiliana digital obteve apoio da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O apoio da FAPESP nos permitiu avançar com um projeto, consolidá-lo, e o BNDES veio e bancou a continuidade dele”, afirmou. O projeto está organizado em um núcleo de pesquisa coordenado por Puntoni e pelo professor Edson Gomi, da Engenharia da Computação da Escola Politécnica da USP.

A digitalização deve ser retomada agora com mais equipamentos e equipe maior, mas o público já pode fazer o download, por exemplo, da obra completa de autores como Joaquim Nabuco, Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar e Casimiro de Abreu. Continua.