sexta-feira, 8 de março de 2013
USP apura hostilidade a feministas em trote
Via Agência Patrícia Galvão
02.03.2013
(Folha de S.Paulo) Um jovem nu simulando masturbar-se, outro exibindo-se com o pênis para fora das calças, mais um fingindo que mantinha relação sexual com uma boneca inflável. Essas cenas aconteceram em público, em pleno campus de São Carlos (a 232 km de São Paulo) da USP, Universidade de São Paulo.
Foi assim que um grupo de veteranos respondeu, na última terça-feira, ao protesto contra uma atividade de recepção aos calouros denominada "Miss Bixete".
Organizado pelo auto-intitulado GAP (Grupo de Apoio à Putaria), o "Miss Bixete" inclui o "convite" às calouras para que subam a um palco e exibam seus corpos em um desfile -muitas são estimuladas a erguer a blusa e ouvem dos veteranos os gritos de "peitão" e "bundão" como resposta.
Desde 2005, o Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira), entidade representativa dos estudantes do campus de São Carlos, participa dos protestos contra o "Miss Bixete".
Neste ano, o Caaso recebeu o apoio da Frente Feminista de São Carlos. No total, pelo menos 50 jovens (homens e mulheres) manifestaram sua inconformidade com o trote, por julgá-lo "violento" e "machista", conforme consta no site do centro acadêmico.
Segundo uma estudante de 20 anos, membro da Frente Feminista de São Carlos e que pediu o anonimato, pelo menos seis veteranos se irritaram com o ato e começaram a hostilizar os manifestantes.
"Chegaram ao ponto de arremessar sobre nós cerveja e bombinha", disse. "Rasgaram nossa faixa e até tentaram agarrar algumas das manifestantes."
A confusão foi fotografada e filmada. Os arquivos bombaram nas redes sociais. Para Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, organização social feminista de São Paulo, a reação dos veteranos ao protesto contra o "Miss Bixete" só confirma que o trote era mesmo "desrespeitoso e violento".
"Diante da crítica, eles usaram de violência grotesca para tentar humilhar e calar. A USP não pode tolerar esse tipo de comportamento de gangue", disse a militante Nilza Iraci, 62, do Geledés, Instituto da Mulher Negra.
EXATAS
Com maioria de cursos da área de Exatas (engenharia, química, física e matemática, além de arquitetura e urbanismo), o campus de São Carlos da USP tem 4.761 alunos de graduação e 2.392 de pós (dados de junho de 2012).
A direção do campus anunciou ontem, quando disse ter tomado conhecimento do acontecido, que tentará identificar "os envolvidos nesse lamentável evento" para então abrir um processo administrativo contra eles.
Em nota, a USP afirmou que a atividade não faz "parte da Semana de Recepção dos Calouros" e que "é veementemente contra qualquer ação que cause constrangimento".
A universidade não divulgou os nomes dos agressores. Mas jovens que participaram do protesto contra o "Miss Bixete" apontaram ao menos seis alunos como protagonistas das cenas constrangedoras. A universidade tem uma linha direta, o serviço Disque-Trote (0800 012 10 90) para que qualquer pessoa denuncie abuso na recepção dos calouros.
02.03.2013
(Folha de S.Paulo) Um jovem nu simulando masturbar-se, outro exibindo-se com o pênis para fora das calças, mais um fingindo que mantinha relação sexual com uma boneca inflável. Essas cenas aconteceram em público, em pleno campus de São Carlos (a 232 km de São Paulo) da USP, Universidade de São Paulo.
Foi assim que um grupo de veteranos respondeu, na última terça-feira, ao protesto contra uma atividade de recepção aos calouros denominada "Miss Bixete".
Organizado pelo auto-intitulado GAP (Grupo de Apoio à Putaria), o "Miss Bixete" inclui o "convite" às calouras para que subam a um palco e exibam seus corpos em um desfile -muitas são estimuladas a erguer a blusa e ouvem dos veteranos os gritos de "peitão" e "bundão" como resposta.
Desde 2005, o Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira), entidade representativa dos estudantes do campus de São Carlos, participa dos protestos contra o "Miss Bixete".
Neste ano, o Caaso recebeu o apoio da Frente Feminista de São Carlos. No total, pelo menos 50 jovens (homens e mulheres) manifestaram sua inconformidade com o trote, por julgá-lo "violento" e "machista", conforme consta no site do centro acadêmico.
Segundo uma estudante de 20 anos, membro da Frente Feminista de São Carlos e que pediu o anonimato, pelo menos seis veteranos se irritaram com o ato e começaram a hostilizar os manifestantes.
"Chegaram ao ponto de arremessar sobre nós cerveja e bombinha", disse. "Rasgaram nossa faixa e até tentaram agarrar algumas das manifestantes."
A confusão foi fotografada e filmada. Os arquivos bombaram nas redes sociais. Para Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, organização social feminista de São Paulo, a reação dos veteranos ao protesto contra o "Miss Bixete" só confirma que o trote era mesmo "desrespeitoso e violento".
"Diante da crítica, eles usaram de violência grotesca para tentar humilhar e calar. A USP não pode tolerar esse tipo de comportamento de gangue", disse a militante Nilza Iraci, 62, do Geledés, Instituto da Mulher Negra.
EXATAS
Com maioria de cursos da área de Exatas (engenharia, química, física e matemática, além de arquitetura e urbanismo), o campus de São Carlos da USP tem 4.761 alunos de graduação e 2.392 de pós (dados de junho de 2012).
A direção do campus anunciou ontem, quando disse ter tomado conhecimento do acontecido, que tentará identificar "os envolvidos nesse lamentável evento" para então abrir um processo administrativo contra eles.
Em nota, a USP afirmou que a atividade não faz "parte da Semana de Recepção dos Calouros" e que "é veementemente contra qualquer ação que cause constrangimento".
A universidade não divulgou os nomes dos agressores. Mas jovens que participaram do protesto contra o "Miss Bixete" apontaram ao menos seis alunos como protagonistas das cenas constrangedoras. A universidade tem uma linha direta, o serviço Disque-Trote (0800 012 10 90) para que qualquer pessoa denuncie abuso na recepção dos calouros.