sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Alunos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desvendam bastidores do Show Medicina

Via Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Maurício de Souza
14.01.2014

Estudantes dizem que estão recebendo ameaças por causa das denúncias

A CPI que investiga as violações dos direitos humanos nas universidades paulistas ouviu, na tarde desta terça-feira, 13/1, cinco alunos da faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que contaram como são organizados os eventos chamados Show Medicina. Falaram também sobre os trotes a que são submetidos os calouros nos dois primeiros anos do curso.

O Show Medicina, definido por alguns alunos como espetáculo teatral de calouros e veteranos da FMUSP, que ocorre anualmente no mês de outubro. É antecedido por exaustivos ensaios que se sucedem nos dois meses anteriores, num total de até 45 encontros. Nesses dias, os alunos entram às 20h e ficam pelo menos até as 4h da madrugada. Ficam responsáveis pela separação de materiais e limpeza do local - sala do 1º andar do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz -, que é também utilizado para aulas a partir das 6h da manhã. Nesses ensaios, os ingressantes que cochilam são acordados com o órgão sexual do veterano no rosto.

Segundo o relato dos estudantes Felipe Scalisa, Alan de Oliveira, Caio Zampronha, Mauro Xavier e Andressa Oliveira, os ingressantes que se voluntariam para participar do Show Medicina - uma média de cem estudantes - passam por uma espécie de vestibular. São levados para o palco de um grande teatro. Por causa dos holofotes, não há como saber quem está na plateia. Todos são instados a ficar nus. Alguns simulam estupro. Quando as luzes se acendem, a lógica da hierarquia, onde o veterano pode mais que o novato, se evidencia: são eles que avaliam os calouros e os aprovam ou não para participar do Show Medicina. Nos ensaios do show, sucedem-se piadas homofóbicas, xenófobas e racistas.  

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