quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Uma Educação parada no tempo

JC-Notícias/SBPC
20.01.2015


Reproduzimos um diálogo entre um jornalista curioso para saber a quantas anda a nossa educação, e um estudante de 13 anos cursando o 9º ano de uma escola no interior do estado

– Você já leu algum livro além dos escolares?

– Não.

– Seus professores lhe recomendaram algum livro?

– Uma professora disse para eu ler Dom Quixote.

– Ela falou alguma coisa sobre o Dom Quixote?

– Não, nada.

– Qual a matéria que você mais gosta?

– Geografia.

– Você sabe as capitais dos estados?

– Sei

– Então vamos lá: Amazonas? (nada), Ceará? (nada), Pernambuco? (nada), Minas Gerais? (nada).

Afinal, acertou as capitais de três estados: Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, e disse saber que Brasília era a capital do Brasil.

– Você sabe a capital de algum país, além do Brasil?

– Acho que não.

– Você estuda inglês?

– Estudo.

– Há quantos anos?

– 3 anos.

– Sabe alguma palavra em inglês?

– Sei, are.

– O que é are?

– É um verbo.

– Seria o verbo to be?

– O que é isso?

– Sabe algum número em inglês.

– Sei. (citou corretamente de one a ten)

– Ontem foi o Dia da Consciência Negra, falaram sobre isso na sua Escola?

– Falaram, falaram em Zumbi.

– Quem foi ele?

– Ele lutou pelos escravos.

– Quem assinou a Lei acabando a escravatura no Brasil?

– A Rainha da Inglaterra.

Alunos como este, vítima de um sistema disfuncional, não existem apenas em Sergipe. Eles estão em todos os estados brasileiros, aos milhares, aos milhões.

Continua.