quarta-feira, 18 de maio de 2016

Mesa debate economia da mineração e invisibilidade de atingidos pela Samarco

Agência Fiocruz de Notícias
André Costa
11.05.2016

A primeira mesa de debate do seminário O Desastre da Samarco: balanço de seis meses de impactos e ações, que aconteceu nos dias 5 e 6 de maio em Minas Gerais, reuniu três pesquisadores e uma moradora da comunidade de Paracatu de Cima, que sofreu graves danos devido à barragem. Os três pesquisadores envolveram-se desde cedo com a tragédia e apresentam estudos ainda em andamento. Segundo o mediador e pesquisador da Fiocruz Minas Léo Heller, um fator comum aos três participantes é a noção de que “a ciência não é neutra". "Todos trabalham com a ideia de que a ciência tem lado”, comentou. "No caso em questão, esta precisa estar do lado dos atingidos".

O primeiro palestrante, o engenheiro da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Bruno Milanez, apresentou um estudo realizado em conjunto com mais seis pesquisadores sobre aspectos econômicos e institucionais do setor minerário. Milanez demonstrou como o rompimento de barragens faz parte da própria estrutura do setor, com intrínseca relação entre a expansão da indústria e os desastres. O estudo constatou que, dois ou três anos após o pico de cada ciclo do setor, aumentam os rompimentos de barragens. A tese de seu grupo é a de que, passadas as épocas de vacas gordas, as mineradoras passam por pressões para reduzir os custos, cortando então seus gastos operacionais.

Continua.