sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pequenos produtores estão cientes de riscos dos agrotóxicos

Via Agência USP de Notícias
Por Por Mariana Soares - nanacsoares@gmail.com
16.02.2012

A maior parte dos pequenos agricultores que utiliza agrotóxicos em suas plantações tem consciência dos riscos causados pelo uso dos produtos, mas ainda assim negligencia o perigo que eles representam, segundo pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O estudo trabalhou com a população rural do município de Bom Repouso, em Minas Gerais.

A pesquisa Análise da percepção de risco do uso de agrotóxicos em áreas rurais: um estudo junto aos agricultores no município de Bom Repouso (MG), que pretendia fazer um levantamento para saber se os produtores tinham noção dos riscos à saúde e ao meio ambiente trazidos pelo uso intensivo de agrotóxicos, constatou que cerca de 50% dos entrevistados classificava o manuseio de agrotóxicos como “muito perigoso”, e 40% deles diziam não receber nenhuma orientação técnica, mas somente a de amigos, vizinhos ou parentes, o que faz com que determinadas práticas de aplicação dos produtos químicos sejam perpetuadas. A autora da pesquisa, a assistente social Evellyn Espíndola, utilizou uma Planilha de Percepção de Riscos a Saúde e ao Meio Ambiente em uma mostra de 50 pessoas. Para responder à planilha, o próprio entrevistado ou alguém de sua família já deveria tinha sofrido intoxicações em decorrência do uso de agrotóxicos. Por este método, eles indicaram o grau de perigo para determinadas situações (como “nada perigoso”, “pouco perigoso” e “muito perigoso”).

Quando perguntados se conseguiam entender a indicação de toxicidade do produto e o que está escrito na bula, grande parte dos produtores disse que não consegue, o que se deve principalmente à sua baixa escolaridade. “A maioria deles cursou até o ensino fundamental, então mesmo que saibam ler, não conseguem entender a bula, que é cheia de termos técnicos”, diz Evellyn. Dos entrevistados por ela, 70% admitiram ser extremamente perigoso o fato de não conseguirem entender a bula. Para a pesquisadora, a dificuldade na interpretação da bula reafirma a necessidade de intervenção de um técnico ou agrônomo. Continua