sábado, 2 de junho de 2012

Documento da Fiocruz critica programa antiaids do País


JC e-mail 4510, de 01 de Junho de 2012.
Documento da Fiocruz critica programa antiaids do País


Publicação destaca que ainda há novas infecções, o diagnóstico é tardio e o atendimento, feito em locais superlotados.

Anos depois de despertar elogios no cenário internacional e ser apontado como modelo, o programa de DST/Aids brasileiro foi criticado por publicação do próprio governo. Documento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, integrante do projeto Saúde Brasil 2030, afirma que o programa "arrefeceu".

O documento, que faz parte do projeto Saúde Brasil 2030, recomenda: "É preciso correção de rumos do programa." A publicação indica que o atendimento de pacientes de Aids agora é feito em serviços superlotados, o número de novas infecções não baixa e grande número de pacientes recebe um diagnóstico tardio da infecção.

"Ao contrário do que se tem observado em outros países que também instituíram programas de acesso universal ao tratamento e têm observado queda na incidência de novas infecções, o Brasil não tem conseguido diminuir a incidência do HIV/Aids", avalia o documento.

A publicação condensa textos de 37 especialistas, reunidos com a tarefa de fazer diagnósticos de problemas enfrentados na área de saúde e as perspectivas para os próximos 20 anos. "Procuramos retirar todo o viés político da análise", afirma José Carvalho de Noronha, que organizou o documento.

Desatualizados - Para o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa - e um dos colaboradores da publicação -, os dados estão desatualizados. "O documento afirma que a epidemia está estacionada em níveis elevados. Nos últimos três anos, passamos a assistir uma tendência de redução", afirmou.

Ele reconheceu que parte dos serviços de atendimento está superlotado - o que, para ele, é resultado da eficácia do programa. "Novos serviços serão abertos. Além disso, pacientes que estão em boas condições podem ser tratados na atenção básica."

Mário Scheffer, presidente do Grupo Pela Vida, concorda com a análise feita pelo texto da Fiocruz e SAE: "Há muito já fazemos esse diagnóstico. O programa retrocedeu e precisa corrigir a rota", avalia.

Ele afirma que serviços de Aids perderam qualidade porque estão superlotados. E concorda com a necessidade de reduzir o diagnóstico tardio. "E eu acrescentaria um outro grave problema: o programa não dá resposta à epidemia concentrada em alguns grupos, particularmente com os homossexuais que, por opção política do governo, têm sido negligenciados nas ações de prevenção", completa. (O Estado de São Paulo)