sexta-feira, 8 de junho de 2012

2012, ano do mar na USP

Via Jornal da USP
28 May 2012


AMBIENTE

Conferência USP sobre o Mar reúne pesquisadores do Brasil e do exterior para apresentar pesquisas de ponta e debater os desafios das ciências ligadas à oceanografia

SYLVIA MIGUEL

Conhecer os oceanos é tarefa cara e imensa, na qual a ciência ainda engatinha. Tenebroso, enigmático, descomunal, abissal. A literatura e a linguística têm bons motivos para representar o mar com adjetivos fortes, misteriosos, agressivos. No campo das letras, o mar figura temerário, porque desconhecido. Para a ciência, não é diferente. Tudo muda nas profundezas do oceano. Que organismos vivem lá e quantos? De que forma sobrevivem e como suas comunidades se transformam? As dúvidas também permeiam o conhecimento dos micróbios marinhos. Ou dos fluxos de elementos essenciais como carbono, nitrogênio e oxigênio, como foi mostrado por alguns dos mais renomados cientistas dedicados às ciências do mar, presentes na Conferência USP sobre o Mar, de 16 a 18 de maio, no auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.
“Se deixei vocês minimamente curiosos, a minha missão aqui está cumprida”, disse Farooq Azam, da Scripps Institution of Oceanography, da Universidade da Califórnia-San Diego, nos Estados Unidos. Um dos mais citados cientistas de microbiologia marinha, Azam chamou os micróbios de “sangue do oceano”, responsáveis por conectar todo o sistema marinho. Conclamou uma plateia repleta de estudantes, pesquisadores e professores a conhecer os segredos da biologia microbiana marinha, área em que “os desafios são enormes”, disse.
Mas o avanço das ciências do mar precisa, antes, vencer o obstáculo humano e institucional, etapa sem a qual não se chegará à almejada colaboração internacional, na opinião do professor Sergio Navarrete, diretor da Estación Costera de Investigaciones Marinas da Pontificia Universidad Católica de Chile. Em sua palestra, o professor destacou a necessidade da pesquisa interdisciplinar para a proteção da biodiversidade, num cenário de mudanças no oceano costeiro.
“Nossas instituições não estão preparadas para uma abordagem interdisciplinar. Precisamos incorporar a pesquisa colaborativa em nossas instituições. Em 20 anos, tenho visto que o trabalho em equipe tem se mostrado impossível entre universidades no Chile. Espero que possamos melhorar isso”, destacou Navarrete. Continua