segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Perdemos senso de compaixão", diz vencedor do Blue Planet Prize

Via Estadão
Por Giovana Girardi
17.06.2012

Dupla que criou o conceito de pegada ecológica critica ganância da humanidade e rumos que a Rio+20 está tomando

“Há 20 anos assumimos que poderíamos construir nosso caminho para a sustentabilidade. Essa foi a mensagem da Rio-92, mas desde então nada mudou. Só que o mundo está além do seu limite. Nós agora estamos usando mais produtos da natureza, mais peixes, mais florestas, mais solos, do que o planeta consegue suprir. Estamos despejando mais lixo do que pode ser assimilando. Claramente estamos em um caminho insustentável.”

Essa foi a frase com a qual o ecólogo canadense William Rees iniciou uma entrevista que fiz há alguns dias com ele, logo depois que havia se definido que ele e seu colega suíço Mathis Wackernagel seriam laureados neste ano com o Blue Planet Prize. A dupla elaborou o conceito de pegada ecológica – ferramenta que mostra o impacto do consumo humano sobre os recursos naturais do planeta.

O prêmio, entregue neste domingo, 17, está comemorando 20 anos. Foi criado justamente na Rio-92 pela fundação japonesa Asahi Glass em reconhecimento à excelência alcançada em pesquisas científicas e em sua aplicação na busca de soluções para problemas ambientais globais. Voltou à cidade agora para de certo modo passar uma mensagem para a conferência. Além de marcar a importância do conceito de pegada ecológica – bem quando o mundo debate novos padrões de produção e consumo –, premiou também o biólogo Thomas Lovejoy, famoso por seus estudos sobre danos da fragmentação da Amazônia na biodiversidade.

Também conversei com Wackernagel, que foi ácido em suas expectativas em relação à conferência. “Acho que há uma má compreensão entre a maior parte das delegações de que se não houver acordo, então seus países não farão nada. Não temos um problema global, temos uma tempestade global. A questão é: seu barco está pronto para a tempestade? Não temos de ter um acordo que diga que temos de fazer isso. Um país não tem de consertar o buraco no seu barco só se os outros o fizerem. Tem de consertar porque senão vai afundar.” Continua