CTNBio deve liberar arroz transgênico no Brasil
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deve votar, na próxima quinta-feira (24), a liberação do plantio comercial do arroz transgênico Liberty Link da empresa alemã Bayer. Se aprovada, o Brasil será o primeiro país do mundo a permitir o plantio e comercialização de arroz geneticamente modificado.
O Liberty Link é herbicida de princípio ativo glufosinato de amônio e tem nome comercial Basta ou Finale (ambos da Bayer). Estudos mostram que o glufosinado é nocivo à saúde humana. Para matar as ervas daninhas, o agrotóxico é jogado sobre a lavoura, envenenando o arroz.
O integrante da Via Campesina, Frei Sérgio Görgen, teme essa medida. Ele explica que experiências anteriores já mostraram que os transgênicos são prejudiciais para a população e para o meio ambiente.
“O uso de agrotóxicos aumentou depois que os transgênicos entraram no Brasil. Agora querem, com a liberação do arroz, continuar envenenando o meio ambiente e nosso corpo. Devem existir coisas sérias na calada da noite para insistirem nessa liberação. Todo mundo está vendo que isso é crônica de um desastre anunciado.”
O Brasil é o país no mundo que mais utiliza agrotóxicos em suas lavouras. Na última safra, o país utilizou mais de 1 milhão de toneladas. A Bayer é a empresa que mais vende agrotóxicos no Brasil e com a liberação do arroz, deve aumentar seu mercado. Para frei Sérgio, o caso não está sendo tratado com seriedade pela CTNBio.
“Isto é uma desgraça. Uma coisa séria dessa deveria ser tratada com mais cuidado, precaução e seriedade, coisa que não está sendo feita. A CTNBio tem que guardar as atas de suas reuniões para no futuro, mostrar para a população quem está colocando essa desgraça no nosso território.”
A população brasileira tem grande chance de ser a primeira população do mundo a consumir arroz transgênico. A avaliação foi feita pelo Greenpeace, após analisar o posicionamento da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que adiou, na quinta-feira (15), a decisão da liberação comercial de arroz tolerante ao uso de agrotóxicos. O consumo de arroz transgênico no país é proposto pela multinacional Bayer.
O povo brasileiro serviria como cobaia, na opinião do coordenador da campanha de transgênicos do Greenpeace, Rafael Cruz.
“Mais agrotóxico no campo, mais agrotóxico no prato, porque os resíduos aumentam com as aplicações. No caso do arroz, [os resíduos] ficam dentro do grão. Os brasileiros seriam a primeira população do mundo a comer [o arroz transgênico], o que seria um teste para o mundo inteiro.”
O Greenpeace exige que o Conselho Nacional de Biossegurança – órgão máximo que discute a segurança alimentar – se posicione diante do fato. Cruz lembrou que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rouseff, que é a presidente do Conselho, tem o poder de vetar a comercialização.
“Estamos falando de um problema de segurança alimentar de fato, já que o arroz vai para o consumo humano. A soja e o milho geralmente são usados para consumo animal, pouco vai para o consumo humano.”
Segundo o Greenpeace, o Brasil consome quase a totalidade do arroz que produz.
Também na reunião da CTNBio, foram aprovadas mais duas variedades de milho transgênico e uma de algodão.
De São Paulo, da Radioagência NP, Aline Scarso.
16/10/09
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