Edição Impressa 172 - Junho 2010
Pelo de mamífero abriga um tipo de alga verde que vive em simbiose e não existe em mais nenhum lugar da natureza
Não é segredo para os biológos que o tom marrom-esverdeado dos grossos pelos das preguiças se deve à presença de organismos clorofilados. Algas verdes e cianobactérias (algas azuis) escondidas na pelagem ajudam esses lentos mamíferos que vivem trepados nas árvores a se camuflar na mata e despistar seus predadores. Mas os pesquisadores não imaginavam que essa parte do corpo das preguiças pudesse abrigar um miniecossistema tão variado. Um estudo filogenético feito com amostras da pelagem de 71 animais, pertencentes às seis espécies de preguiça existentes, encontrou material molecular oriundo de 72 grupos distintos de organismos – desde aranhas, mariposas, besouros e baratas até um grande número de micróbios. “Havia seres que eram produtores (algas), consumidores (protozoários) e decompositores (fungos) de alimentos”, afirma o ecólogo Adriano Chiarello, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), um dos autores do trabalho, publicado em 30 de março deste ano na revista BMC Evolutionary Biology. “Isso não era esperado.” Outra informação interessante foi a grande incidência de um grupo de algas verdes do gênero Trichophilus, identificadas na pelagem de 73% das preguiças analisadas, independentemente de sua origem geográfica. Continua
Legenda da foto:
Preguiças estudadas tinham alga do gênero Trichophilus (detalhe)
© Stefan Laube/Wikimedia Commons e Universidade de Helsinque