sábado, 5 de março de 2016

Enfraquecimento de medidas contra Aedes permitiu reintrodução do inseto no País

JC-Notícias/SBPC
05.03.2016

Em evento promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, o professor da USP, Delsio Natal, apresentou um panorama da trajetória do mosquito no Brasil, desde o século 17, quando houve a primeira campanha contra a febre amarela no País

O desenvolvimento de uma vacina para a febre amarela, nos anos 30, e a erradicação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, na década de 50, fez com que o governo relaxasse as medidas de controle do mosquito, o que permitiu sua reintrodução no País no final da década de 60, afirmou o professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Delsio Natal.

Em evento promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, o professor apresentou um panorama da trajetória do mosquito no Brasil, desde o século17, quando houve a primeira campanha contra a febre amarela no País. O presidente da associação participou do evento e ressaltou que problemas de infraestrutura e de abastecimento de água favorecem a proliferação do mosquito.

“Nós não vamos conseguir erradicar o mosquito, precisamos baixar a densidade dele”, disse o professor, ao avaliar que uma segunda erradicação seria muito difícil, além de dispendiosa. “Agora nós vamos ter que controlar as epidemias, controlar as doenças que estão chegando, que é o mais imediato e talvez sufocar a epidemia com algum método, alguma técnica”.

Segundo Natal, os métodos que já existem para combate ao Aedes aegypti funcionam e só dependem de uma gestão correta para sua eficácia. “Falta muita gente [especializada] nos municípios, falta muito técnico. A maioria dos municípios não tem nem entomologista [que estuda os insetos] nas equipes”, disse.

O presidente da associação disse que um grande desafio do saneamento no Brasil é a coleta e distribuição de água e esgoto de forma adequada e eficaz. Segundo ele, a responsabilidade recai sobre o governo federal, mas ele acredita que os governos estaduais e municipais poderiam fazer mais sobre a questão.

“Não conseguiremos fazer obras de esgoto em dois anos, mas é importante que se faça a reestruturação do setor, fortalecendo os planos municipais e reestruturando também as empresas estaduais”, disse.

Agência Brasil