domingo, 13 de setembro de 2009

O inominável

Via Gazeta do Povo - Por Irinêo Netto - 12.09.2009



Montagem de Esperando Godot realizada em 1993,
na França, com direção de Philippe Adrien



Samuel Beckett (1906-1989)

O legado do escritor irlandês morto há 20 anos é um comentário contundente sobre a época atual, de excessos, fobias e compulsões


Um homem sentado numa caixa com rodas, incapaz de andar, faz amizade com outro, que não enxerga. Os dois vivem na rua, são amargos, odeiam suas situações, mas pensam que podem se ajudar. Aquele que tem visão pode indicar o caminho para o que tem pernas. “Nós somos o par perfeito!”, diz o primeiro.

Não é preciso muito para imaginar que os personagens de Rascunho para Teatro I representam anseios que qualquer um pode ter ou teve. Quem nunca se sentiu cego? Ou foi acusado de não enxergar? Ou gostariade ter alguém que indicasse o caminho? A peça escrita por Samuel Beckett dá conta de tudo isso e também é apenas a história de um sujeito que não anda que fica amigo de outro que não vê.

Beckett tinha pavor de explicações. Ao menos das explicações que cobravam dele. O público via as montagens baseadas em seus textos e não entendia patavina. Isso lá pelos anos 1950. O ir­­landês que escreveu em inglês e francês morreu em 1989, aos 83 anos. Seu nome é sempre associado ao teatro do absurdo – de Alfred Jarry (1873-1907) e Eugène Ionesco (1909-1994) –, termo criado para se referir a peças com uma atmosfera surreal e diálogos que parecem sem pé nem cabeça.

Na verdade, não é exatamente surreal. Talvez seja melhor encará-la como real demais. Porque sua obra fala da solidão e do vazio existencial, entrar em contato com ela pode ser uma revelação. Poucos escritores são tão eloquentes sobre o mundo atual quanto o vencedor do Prêmio No­­bel de Literatura de 1969.

“Dizem que a obra de Beckett é absurda – mas penso que essa ideia, sim, é absurda”, diz o escritor José Castello. “Ela penetra a realidade como uma faca e a leva a sangrar. O sangue escorre de nossas entranhas e, em vez de abandonar, aprofunda nossa noção de realidade.”

Para o autor de A Literatura na Poltrona (Record), ler Beckett é enfrentar a dor do mundo contemporâneo, marcado por de­­pres­­sões, compulsões e fobias. Continua




Via Portal Terra

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Via El País

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Via G1 e El País

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