quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Um atalho no gelo
Via Veja - Por Thomaz Favaro - 23.09.2009
Pela primeira vez na história, navios cargueiros fazem pelo Ártico a rota entre a Ásia e a Europa. A proeza é uma triste consequência do aquecimento global
O triunfo humano sobre as forças da natureza é, desta vez, um triste sintoma da saúde do planeta. Dois cargueiros alemães estão prestes a se tornar os primeiros a navegar por inteiro a Passagem Nordeste, como é conhecido o trajeto via Ártico entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia sempre foi um risco no mapa impossível de ser navegado. Durante o verão, quando a camada de gelo da calota polar se retrai, somente comboios liderados por navios quebra-gelo trafegam pela imensa costa russa – e apenas por trechos curtos. Essa situação já tem data marcada para acabar. Salvo algum contratempo imprevisível, os dois navios, que já ultrapassaram os trechos mais difíceis, devem completar a viagem até o fim do mês. E aqui está a má notícia: a proeza dos cargueiros alemães só foi possível devido ao encolhimento progressivo da calota polar do Ártico, provocada pelo aquecimento global.
A temperatura no Ártico aumentou 2 graus no último século, o dobro da média mundial. O resultado é uma espiral de derretimento que reduziu a camada de gelo permanente em 40%. "Quanto menor a área congelada, menor a capacidade de reflexão dos raios solares. Ou seja, à medida que a área gelada diminui, a região absorve mais calor, aumentando a temperatura e acelerando o derretimento do gelo", diz o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que já participou de três expedições ao Ártico. Em 2007 e 2008, a superfície congelada foi reduzida ao menor tamanho já registrado. A camada de gelo também está mais fina: sua espessura encolhe, em média, 17 centímetros por ano. Continua
Foto: AP
Pela primeira vez na história, navios cargueiros fazem pelo Ártico a rota entre a Ásia e a Europa. A proeza é uma triste consequência do aquecimento global
O triunfo humano sobre as forças da natureza é, desta vez, um triste sintoma da saúde do planeta. Dois cargueiros alemães estão prestes a se tornar os primeiros a navegar por inteiro a Passagem Nordeste, como é conhecido o trajeto via Ártico entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Essa rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia sempre foi um risco no mapa impossível de ser navegado. Durante o verão, quando a camada de gelo da calota polar se retrai, somente comboios liderados por navios quebra-gelo trafegam pela imensa costa russa – e apenas por trechos curtos. Essa situação já tem data marcada para acabar. Salvo algum contratempo imprevisível, os dois navios, que já ultrapassaram os trechos mais difíceis, devem completar a viagem até o fim do mês. E aqui está a má notícia: a proeza dos cargueiros alemães só foi possível devido ao encolhimento progressivo da calota polar do Ártico, provocada pelo aquecimento global.
A temperatura no Ártico aumentou 2 graus no último século, o dobro da média mundial. O resultado é uma espiral de derretimento que reduziu a camada de gelo permanente em 40%. "Quanto menor a área congelada, menor a capacidade de reflexão dos raios solares. Ou seja, à medida que a área gelada diminui, a região absorve mais calor, aumentando a temperatura e acelerando o derretimento do gelo", diz o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que já participou de três expedições ao Ártico. Em 2007 e 2008, a superfície congelada foi reduzida ao menor tamanho já registrado. A camada de gelo também está mais fina: sua espessura encolhe, em média, 17 centímetros por ano. Continua
Foto: AP