segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CONSUMANDO O SERVIÇO SUJO

Via Blog do Reinaldo Azevedo - 09.11.2009

Na metáfora que adotei, com algum humor, de uma amiga que, com graça, identifica pessoas que pensam de modo distinto como de “enfermarias diferentes”, digo que eu e Fernando Barros e Silva, articulista da Folha, somos, então, de “enfermarias diferentes”. Discordamos em muita coisa. E assinaria seu texto na Folha de hoje:

Os linchadores da Uniban

SÃO PAULO - A notícia da expulsão de Geisy Arruda pela Uniban é estarrecedora. O informe divulgado ontem pela direção da universidade, por meio do qual a aluna ficou sabendo da decisão, é um panfleto obscurantista que requer análise. Ele transforma a incitação ao estupro de uma jovem acossada na universidade por algumas centenas de marmanjos em “reação coletiva de defesa do ambiente escolar”.

Eis o que conclui a “sindicância” da Uniban: “Foi constatado que a atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos de se expressar, o que resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Geisy, diz a nota, ensejou “de forma explícita os apelos dos alunos” e foi expulsa por “flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”. O título do informe agrega ao conteúdo um toque de humor negro: “A educação se faz com atitude e não com complacência”.

De que educação falam esses farsantes? Devemos chamar essa fábrica de açougueiros de instituição de ensino? Que princípio ético ou dignidade acadêmica podem sobreviver a uma escola que pune a vítima humilhada para respaldar a brutalidade e a covardia de uma turba excitada com a própria fúria?

Como se sentirão agora as garotas que estudam na Uniban? Estarão os rapazes liberados pela direção a agir sempre assim em defesa do “ambiente escolar”?

As cenas são conhecidas: “Pu-ta!, pu-ta!”, “vamos estuprar!”, “solta ela, professor!”. Um aluno chutou a maçaneta da porta da sala em que a moça estava encurralada; outros tentaram colocar o celular entre suas pernas para fotografá-la.

A Uniban invoca um zelo pedagógico que não tem para satisfazer a vontade fascista da maioria e preservar os negócios. Com sua decisão, ela deu chancela institucional aos atos de barbárie praticados em suas dependências. Mais do que isso: ao linchar Geisy, a universidade consuma o serviço que os alunos haviam deixado pela metade.






Fonte: Marcha Mundial das Mulheres

O Movimento Feminista, Sindical e Estudantil convocam um ato contra a violência sexista ocorrida na UNIBAN, que neste momento tem como agravante a expulsão da aluna que recentemente sofreu violência. Ou seja: a vítima foi transformada em ré, os agressores impunes. Com esta conduta, a UNIBAN banaliza, estimula e justifica a violência contra a Mulher.

NÃO podemos nos calar!

ATO segunda-feira, às 18 horas, em frente à UNIBAN São Bernardo do Campo.

Endereço: Avenida Rudge Ramos, 1501 - fica no KM 12 da Rodovia Anchieta. Para quem sai de São Paulo é necessário fazer o retorno.
São Bernardo do Campo




ATUALIZAÇÃO: (Folha Online e Estadão Online)

Uniban revoga decisão de conselho que expulsou aluna hostilizada por vestido curto


Reitor da Uniban revoga expulsão de Geisy Arruda