segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lula e Sarkozy cobram acordo do Clima

Via Estadão - Por ANDREI NETTO - 14.11.2009

PARIS - Em um duro pronunciamento conjunto, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy, cobraram dos Estados Unidos e da China avanços que permitam um acordo concreto na 15a Conferência do Clima das Nações Unidas, prevista para dezembro, em Copenhague. Em entrevista, os dois chefes de Estado apresentavam um "programa comum" - na realidade, uma carta de intenções - para o acordo que renovará o Protocolo de Kyoto, quando Lula cobrou frontalmente Barack Obama e Hu Jintao.

"Não temos o direito de permitir que o presidente Obama e que o presidente Hu Jintao façam um acordo com base apenas nas realidades políticas e econômicas dos dois países", disparou o brasileiro. Neste fim de semana, Obama realiza turnê pela Ásia, e teria encontro em Pequim com a cúpula do governo chinês. Não satisfeito, Lula foi além: "No fundo, o que estamos vendo é a tentativa de criação de um G2, com interesses específicos, para resolver o problema climático dos dois países sem se importar com os compromissos que temos de ter com o conjunto da humanidade".

O presidente brasileiro também pediu mais ambição dos dois governos. "É preciso que os Estados Unidos, como maior economia do mundo, sejam os mais ousados do mundo", exortou, completando: "E que a China, que não tem a mesma responsabilidade dos países desenvolvidos, mas que cresce de forma extraordinária, tenha um pouco mais de ousadia".

As declarações, feitas ao lado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e frente à cúpula do governo francês, foram endossadas por Sarkozy e pelos ministros das Relações Exteriores, como Bernard Kouchner, e do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo. Um pouco mais comedido, sem citar os nomes de Obama e Jintao, o chefe de Estado francês também atacou o suposto entendimento entre Estados Unidos e China. "Vocês sabem da admiração que tenho pelos Estados Unidos e da confiança que tenho no presidente Obama. A primeira economia do mundo deve estar à altura de suas responsabilidades", afirmou Sarkozy, até aqui considerado em seu país um presidente "Atlantista", ou sejam, amigo dos Estados Unidos. Continua



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