sábado, 26 de dezembro de 2009

O poder em tempos de cólera

Via Estadão, há 148 dias sob censura - Por Mônica Manir
20 de dezembro de 2009


Para pensadora, a política encarna ódio, carisma, paixão. Falta aos governantes saber traduzir essas emoções

Depois de acertar um Duomo de alabastro nas ventas de Berlusconi, Massimo Tartaglia respondeu assim a quem lhe cobrou identidade: "Eu não sou ninguém". Mas Tartaglia é. Ele tem 42 anos, há dez faz tratamento por "problemas mentais" e, antes de ser preso, residia livremente em Milão, cidade onde o primeiro-ministro italiano era vaiado e chamado de palhaço após discursar em um comício. Tartaglia também tem pai e mãe. E foi Alessandro, o pai, quem pediu desculpas pela violência do filho: "Espero que Berlusconi o perdoe, mas temo que não o faça, porque é a segunda vez que o atacam".

Em 2004, Berlusconi de fato levou um tripé de máquina fotográfica na cabeça. O agressor da ocasião, Roberto Dal Bosco, declarou ter cometido o ataque movido pela ira. Tartaglia afirmou possuir forte aversão ao partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade. Quatro dias depois, o premiê capitalizou em cima da napa quebrada e da dupla de dentes perdidos: "O período em que estive internado demonstra o ódio de poucos e o amor de muitos italianos". Continua