domingo, 6 de dezembro de 2009

Sheila Zambello de Pinho: quatro décadas dedicadas ao ensino

Via Jornal do IB:
Órgão informativo do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu
Edição n° 4 Outubro/Novembro de 2009


Há quase 40 anos, a professora Sheila Zambello de Pinho, atual pró-reitora de Pesquisa da Unesp, iniciava suas atividades em Botucatu. Em entrevista concedida ao Jornal do IB, ela conta um pouco sobre como era o câmpus naquela época e também comenta mudanças ocorridas na infraestrutura da instituição ao longo dessa trajetória.


Jornal do IB: Quando e como a senhora iniciou suas atividades na instituição?

Sheila: Eu cheguei aqui em 29 de dezembro de 1969. Naquela época a Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, conhecida como FCMBB, era composta de cinco setores. Já havia o curso de Medicina, de Veterinária, de Biologia e de Agronomia, eram esses os cursos existentes naquela época. Só tinha um prédio que é onde hoje funciona o Hospital (das Clínicas), nós todos lá, cada setor em um andar. Futuramente construiu-se esse prédio aqui do IB, onde funciona hoje o Departamento de Morfologia, de Fisiologia. Só muito tempo depois é que se criou o Instituto que começou como Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola e que foi a união do antigo setor biológico e do setor básico. Eu fazia parte do setor básico. Meu departamento era Matemática e Física, nós funcionávamos juntos. Em 1976, que houve essa união do setor básico com o setor biológico. Eu cheguei aqui para trabalhar com informática, com computação. Eu vim pra tentar desenvolver um pouco essa área.

Jornal do IB: Fale um pouco sobre como era a estrutura do câmpus quando
chegou aqui?

Sheila: A Faculdade estava toda concentrada praticamente onde funciona o Hospital (das Clínicas), depois foi construído aquele prédio, onde funciona a Zoologia e a Botânica. Quando se criou a Unesp já tinha o prédio da Bioestatística que foi demolido. Quando eu cheguei, dividia uma sala com vários professores e um balcão para poder trabalhar. Era ali que a gente estudava, preparava as aulas, corrigia os trabalhos, mas era muito bom. Nós não tínhamos quase nada, mas isso tudo foi construído. Agora quando eu passo pelo câmpus, vejo a evolução que teve.

Jornal do IB: Como era a cidade naquela época?

Sheila: Eu diria muito diferente do que é hoje, evidentemente. Uma cidade que acho que tinha 70 mil habitantes, muito fria. Eu vim de Piracicaba, uma cidade muito quente. Eu cheguei aqui precisava de casaco, botas, luvas. A coisa que eu via mais de diferença é que na minha cidade as pessoas sentavam à porta, na calçada, os vizinhos conversavam à noite. Aqui você não via ninguém sa do clima. Na realidade, a FCMBB aparecia muito. Na vida social, os estudantes fizeram uma grande diferença, os professores também. Naquela época não havia quase nada na parte cultural, eram os próprios alunos que traziam show e peças. Eu me lembro de um show do Caetano, que ele era muito jovem ainda, estava começando, foi onde é hoje o Teatro Municipal, que era um cinema. Foi na década de 70. Nós éramos muito poucos, nos reuníamos todo final de semana. Oshomens jogavam futebol, havia time de vôlei, de basquete. Isso durou muitos e muitos anos. Todos se conheciam, o relacionamento era bem mais próximo. Todo sábado tinha jogo de futebol de manhã, nós nos reuníamos onde era a Ferroviária. A AD (Associação dos Docentes) tinha atuação importante.

Jornal do IB: Qual foi sua participação na Associação dos Docentes?

Sheila: Participei muito da Associação dos Docentes, quando eu cheguei o professor Trindade que era presidente, me convidou para ser Diretora de Esportes, em 70, desde então a gente participou da Associação dos Docentes ate há pouco tempo, sempre na Diretoria ou no Conselho. Hoje tem o Prisma (jornal) sendo impresso novamente. Trabalhava na divulgação das atividades, sempre escrevendo textos para serem debatidos. Fazia em mimeógrafo, passava noites lá rodando para poder divulgar ideias. Na ditadura militar então era até era até perigoso ter um jornal, um veiculo para divulgação de ideias. Aqui em Botucatu alguns professores foram demitidos. A luta era muito intensa.

Jornal do IB: Como era a atuação do Centro Acadêmico?

Sheila: Era um grupo de estudantes que agia de maneira organizada, Era um Centro Acadêmico só, o Centro Acadêmico Pirajá da Silva, agora cada um tem o seu e, na minha opinião, isso enfraquece o movimento estudantil.

Jornal do IB: Gostaria que a senhora comparasse o ensino daquela época (década de 1970) com o atual?

Sheila: Na realidade, tudo evoluiu. Os alunos que entravam naquela época tinham outra formação, muito mais sólida que hoje. O que ensinava naquela época era muito iferente. Os alunos que chegam são outros. Toda a tecnologia que evoluiu, os nossos alunos são de computadores, de outra visão de mundo.Os alunos são diferentes e precisamos de outras metodologias, de outras abordagens.


Redação e fotos: Assessoria de Comunicação e Imprensa do IB

Página original

Sheila Zambello de Pinho


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Recadinho básico:

Sheila foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei em Botucatu para estudar. Foi minha professora de matemática em 1970 e, desde então, minha amiga.
Só queria acrescentar algumas coisas importantes sobre ela: é mãe do Edu e da Rê, é avó da Júlia e da Sofia, e filha da dona Rosa. Grande dona Rosa!
É aviadora, paraquedista e faixa preta em caratê.
Parabéns, Sheila!
Um grande abraço!