ONU terá escritório no Rio para prevenção de desastres
A Organização das Nações Unidas (ONU) revelou com exclusividade ao jornal O Estado de São Paulo a abertura no Rio de Janeiro do primeiro escritório fora da sede para coordenar respostas a fenômenos naturais.
A entidade pretende dar início às atividades neste ano. A decisão foi tomada em virtude da ocorrência reincidente de catástrofes no Brasil. Apesar de traçar estratégia direcionada, a ONU alerta que não será de um dia para o outro que conseguirá compensar anos de falta de investimentos. De acordo com dados divulgados ontem, o Brasil teve o terceiro maior número de mortes causadas por desastres em 2011 e está entre os nove países com o maior registro de tragédias.
As enchentes no Brasil mataram 900 pessoas em 2011 - 3% do total mundial. Apenas o tsunami no Japão e as chuvas nas Filipinas deixaram saldo superior. O alto número de vítimas fez o governo brasileiro recorrer à ONU e, em novembro, destinar recursos para abertura do escritório no Rio. A função será de auxílio a prefeituras, governos estaduais e até mesmo o governo federal para lidar com desastres.
"Há finalmente vontade política de agir", disse Helena Valdes, diretora da Estratégia da ONU para Reduções de Desastres. "Mas governos precisam de coragem para tomar decisões sobre onde colocar a população." Dois esforços serão necessários nos próximos anos, segundo Helena. O primeiro é garantir investimentos em áreas afetadas. O outro deve ser a adoção de regulamentação na construção.
Para a ONU, há um volume maior de chuvas e de desastres. No entanto, não se justifica a ineficiência na prevenção. Por isso, Debarati Sapir, da Universidade de Louvain, encarregada por coletar os dados para a ONU, também insiste em ações políticas. "Enchentes são os desastres mais simples em termos de prevenção. Há soluções tecnológicas de baixo custo", disse.
Números - Os desastres criaram em 2011 as maiores perdas já registradas pela ONU, desde 1980. Foram 302 desastres, e morreram 29,7 mil pessoas. Só no Japão, o tsunami fez quase 20 mil mortos. O segundo lugar é das Filipinas, com 1,4 mil mortos, seguido pelo Brasil. A seguradora Swiss Re estima que o Brasil perdeu R$ 5 bilhões em dez anos só com enchentes.
(O Estado de São Paulo)