terça-feira, 19 de junho de 2012
Rio+20: Em entrega de Prêmio Muriqui, ambientalistas e cientistas afirmam que a luta em defesa do meio ambiente continua
JC e-mail 4520, de 18 de Junho de 2012.
Rio+20: Em entrega de Prêmio Muriqui, ambientalistas e cientistas afirmam que a luta em defesa do meio ambiente continua
"A luta vai continuar". A frase foi repetida várias vezes por cientistas, pesquisadores e ambientalistas em uma referência sobre a luta pela melhoria do Código Florestal, a proteção da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Muriqui 2012 realizada na tarde de sábado (16), no pavilhão do Governo do Estado do Rio de Janeiro no Parque dos Atletas, no seminário "As Reservas da Biosfera e a Rio+20".
Concedida anualmente pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), desde 1993, a premiação é uma das principais homenagens às ações ambientais no País.
Constituído de uma estatueta de bronze representando um muriqui e um diploma, o Prêmio Muriqui foi entregue este ano à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na categoria pessoa jurídica; ao cientista Carlos Alfredo Joly, na categoria pessoa física; e ao cientista norte-americano Thomas Lovejoy, em uma edição especial pelo conjunto de sua obra. O animal muriqui é o símbolo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida em 1991 pelo Programa Homem e Biosfera da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Clayton Ferreira Lino, intermediando a entrega do prêmio, disse que a escolha da SBPC coincidiu com o momento em que a instituição assumiu a defesa da melhoria do Código Florestal, com estudos e manifestos, e do desenvolvimento sustentável.
O jogo não terminou - Lino lamentou o fato "de grande parte do recado da SBPC" não ter sido ouvida (no Congresso Nacional). Mesmo assim, ele disse que a campanha em prol da melhoria do Código Florestal será mantida. "O jogo ainda não terminou. Passamos do momento do 'veta Dilma' para 'o jogo não terminou'. E com certeza a Rio+20 vai marcar este momento".
Segundo ele, a SBPC não é apenas "um baluarte" da ciência nacional. "Ela é a maior instituição científica que temos, é uma presença institucional de referência para os brasileiros na questão de cidadania, na luta pelas grandes causas e pelas perspectivas em termos de futuro", disse para emendar. "A SBPC representa muito mais do que simplesmente uma associação de pesquisadores. Ela representa a alma daqueles que pensam no Brasil, que pensam o futuro", declarou Lino.
Emocionada, a presidente da SBPC, Helena Nader, ao receber o prêmio das mãos de André Ilha, diretor de biodiversidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, agradeceu o prêmio dedicando-o a todos os membros e sócios da SBPC e às 104 sociedades científicas que a constituem. "O que a SBPC tem feito em seus 64 anos de existência é lutar pela cidadania: é ciência para o cidadão, ciência pelo meio ambiente e ciência para todos os brasileiros", disse ela, dedicando o prêmio também aos membros do Grupo de Trabalho que estuda o Código Florestal, do qual Joly é participante; e é coordenado por José Antonio Aleixo, diretor da SBPC.
Nova versão do livro Código Florestal - Presente à cerimônia, Aleixo aproveitou o momento para anunciar a segunda versão do livro do Código Florestal, uma coletânea de todas as cartas e documentos que sucederam a votação do texto no Senado Federal, em português e inglês - lançada na cerimônia do Prêmio Muriqui 2012.
Por sua vez, Aleixo agradeceu a dedicação voluntária de todos que trabalham no Grupo de Trabalho desde maio de 2010, como Antonio Donato Nobre, Carlos Alfredo Joly, Carlos Nobre, Celso Manzatto, dentre outros. Aleixo ressaltou que o grupo vai manter as atividades relacionadas ao Código Florestal. "O jogo continua", disse.
Já o cientista Joly recebeu a premiação por ter se dedicado à Mata Atlântica há muitos anos. Ele é o criador do projeto Biota-São Paulo, o maior projeto científico do País, que deu origem ao maior banco virtual de dados, e trabalha no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além de ser um dos ícones do conhecimento científico do Brasil e participante na defesa da melhora do Código Florestal.
"Talvez não tenhamos nenhum especialista mais importante do que o professor Joly no conhecimento sobre a flora da Mata Atlântica, não apenas como pioneiro, mas também como conhecedor do entendimento do funcionamento da flora Mata Atlântica", disse o presidente da RBMA.
Agradecendo a premiação, Joly disse que conheceu a Mata Atlântica "pelas mãos" de seu pai, um experiente botânico que o ensinou as diferenças das especificidades do bioma; e por intermédio de projetos de pesquisa sobre a Serra do Japi (SP), na tese de seu doutorado.
Diversidade biológica - Por último, o presidente da RBMA entregou o prêmio a Thomas Lovejoy, responsável por colocar o conceito de biodiversidade na pauta de prioridade mundial introduzir o termo "diversidade biológica" na comunidade científica.
"Quando falamos de uma convenção da biodiversidade é uma conseqüência desse trabalho dele. Ele é muito mais do que um cientista, é um cidadão, de uma cidadania global", disse Lino. Ele acrescenta: "Lovejoy é aquela pessoa que se Barack Obama (presidente dos Estados Unidos) quer saber algo sobre biodiversidade pergunta para quem? Para Thomas Lovejoy". O cientista é consultor-chefe do Banco Mundial sobre a biodiversidade e desenvolvimento sustentável. A edição especial do Prêmio Muriqui 2012 homenageia o conjunto da obra de Lovejoy, em nome do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e da cidadania global. "O cientista sintetiza o que a Eco92 propôs e o que a Rio+20 deve reafirmar", disse Lino.
Por sua vez, agradecendo a premiação, Lovejoy arrancou risos da platéia ao declarar: "Antes eu tinha ciúmes do macaco porque ele tinha uma cauda, e agora eu tenho uma cauda", disse ele, referindo-se à estatueta de bronze no formato de um macaco.
Saiba mais sobre a premiação:
http://www.sbpcnet.org.br/site/home/home.php?id=1654.
(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)
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