Muitos prédios foram erguidos e o casarão da década de 40 continua firme e forte na Brigadeiro Faria Lima, avenida da zona sul de São Paulo. Quando ele foi construído, esta região do Rio Pinheiros era ocupada só por chácaras. O casal Renata e Fábio Prado, ex-prefeito da capital , escolheu o estilo neoclássico para a residência. Naquela época, a riqueza vinda da produção de café resultava na construção de palacetes.
Entrevista com Giancarlo Latorraca/diretor técnico do Museu da Casa Brasileira :
"Eu acredito que o grande fator de preservação dela foi o fato da família ter doado o patrimônio para uso público. É um dado importante de observar porque é raro no Brasil. O casal Fábio Prado e Renata não teve filhos".
Desde a década de 70 funciona aqui o Museu da Casa Brasileira. Museus normalmente abrigam pinturas, gravuras, esculturas. Mas aqui estão expostos móveis e objetos utilitários que mostram o modo de viver do brasileiro do século 17 ao 21. É o que eles definem como "artes do cotidiano".
O Museu da Casa Brasileira tem um acervo vivo. O Jardim tombado pelo patrimônio histórico estadual tem seis mil e seiscentos metros quadrados. Muitas das árvores, de espécies variadas, são senhoras de mais de sessenta anos. Os donos do palacete foram pioneiros na transformação do conceito dos jardins residenciais.
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Entrevista com Giancarlo Latorraca -Diretor Técnico do Museu:
" Foi um momento de virada nesse período que a cidade começa a incorporar esse conceito de jardim mais para deleite visual. Não era mais o jardim como quintal da casa, que tinha função utilitária, de dispensa.
P:Com árvores frutíferas?
R:Com árvores frutíferas, espécies comestíveis,a tal da cozinha do fundamental, esse tipo de coisa".
Ainda assim foram plantadas várias Jaboticabeiras, árvore brasileira. A partir do século 17 ela era tão querida das famílias que produziam licores e geléias que era mencionada como bem em testamentos e inventários. Este é um pé jovem da árvore símbolo do país, o Pau-Brasil. A espécie foi super explorada pelos portugueses, porque oferecia um corante natural vermelho que tingia tecidos de luxo. Assim inaugurou a lista de plantas ameçadas de extinção da Mata Atlântica. Hoje a Palmeira Juçara está nesta situação, por conta da exploração excessiva do Palmito. O Cedro, da mesma floresta, já foi uma das madeiras preferidas para a confecção de móveis e peças entalhadas. O Jardim também tem muitas espécies exóticas, de fora do Brasil, como a Tipuana, do norte da Argentina e da Bolívia, que já foi árvore símbolo de São Paulo. Era muito usada para a arborização pública. A Associação Nacional de Paisagismo fez o levantamento botânico do Jardim do Solar, refúgio para pássaros como o Sabiá Laranjeira. As placas de identificação mostram curiosidades sobre as espécies. Entrevista com Giancarlo Latorraca -Diretor Técnico do Museu:
" Tem uma programação musical todos os dias às onze da manhã que é o momento máximo do deleite do Jardim."
Museu da Casa Brasileira
Av. Faria Lima, 2705
São Paulo- Capital
De terça a domingo,das 10h às 18h.
Tels: (55 11) 3032-3727 / 3032-2564 / 3032-2499
Agendamento de visitas monitoradas:
tel:3032-2564
site: www.mcb.sp.gov.br
Autor:
Editora-Chefe: Vera Diegoli. Reportagem: Cláudia Tavares. Edição de Texto: Mariene Pádua. Pauta: Marici Arruda. Imagens:Adilson de Paula.Auxiliar de Câmera: Leandro Freitas. Operador de Áudio: Silvinho Oliveira.