segunda-feira, 27 de maio de 2013

Como combater o recente aumento do desmatamento na Amazônia

Via O ECO
Por Paulo Barreto
14.05.2013


Pontos em vermelho mostram as áreas desmatadas entre agosto/12 e março/13.
 Eles mostram perdas nas áreas de influência das hidrelétricas
Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.

A cada um ou dois dias, os satélites Terra e Aqua, da Nasa, sobrevoam nossas cabeças a cerca de 700 km de distância. Eles carregam cinco sensores que fotografam o planeta. Um deles, o MODIS, faz imagens que possibilitam identificar áreas desmatadas na Amazônia. Carlos Souza Jr., pesquisador Sênior do Imazon (instituto que fica em Belém-PA), desenvolveu um método para quantificar quanto é desmatado mensalmente, usando as imagens do MODIS.

Nos últimos meses não estamos bem nas fotos do desmatamento na Amazônia, segundo a análise do Imazon. Entre agosto de 2012 e março de 2013, o desmatamento aumentou cerca de 90% em relação ao mesmo período anterior.

O que explicaria esse aumento já que desde 2005 o desmatamento vinha em tendência de queda? Com base nas análises de causas do desmatamento, o aumento recente poderia ser explicado pelos seguintes fatores.

1.O aumento de preço de produtos agrícolas entre 2011 e 2012 como soja (44%) e milho (29,5%). Quando o preço aumenta, aumenta o potencial de lucro das áreas desmatadas.
2.A mudança no Código Florestal com promessa de anistia.
3.Os investimentos em grandes obras de infraestrutura, patrocinados pelo governo, que atraem dezenas de milhares de imigrantes. O mapa abaixo mostra claramente a concentração de desmatamento na rodovia Transamazônica, próximo à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará; no oeste do Pará em torno da rodovia BR-163 que está sendo asfaltada; e na região de Porto Velho, em Rondônia, onde estão sendo construídas as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. As empresas e o governo têm falhado nas medidas preventivas do desmatamento nessas regiões. Por exemplo, o governo federal não criou as Unidades de Conservação sugeridas para evitar o risco de desmatamento em torno de Belo Monte.
4.Pior ainda, o governo federal e o de Rondônia reduziram a área ou o grau de proteção de Unidades de Conservação para facilitar a construção de hidrelétricas. Fizeram isso em torno das hidrelétricas de Rondônia e na região do rio Tapajós onde o governo quer construir várias hidrelétricas.

Para coibir o desmatamento, o governo continua fiscalizando, principalmente depois que o satélite identifica as áreas desmatadas. Há pouca ação preventiva. Ademais, a impunidade ainda predomina: menos de 1% do valor total das multas é arrecadado. A medida mais eficaz contra o desmatamento tem sido o confisco de bens como grãos e gado produzidos em áreas desmatadas ilegalmente. Porém, essas operações são esporádicas.

O governo federal prometeu enviar a Força Nacional (FN) para ajudar na fiscalização. Contudo, recentemente a FN está mais ocupada debelando conflitos associados às construções de mega infraestruturas na região. CONTINUA!